Chegada palestina ao Chile, o começo da história na América Latina

Uma foto de uma equipe de clubes palestinos no Chile, onde o mapa histórico da Palestina aparece (mídias sociais)

A presença cultural árabe no continente latino-americano e no Chile, em particular, remonta aos tempos antigos desde a chegada dos espanhóis a esses países. Assim como as primeiras migrações dos árabes em geral e dos palestinos em particular, elas começaram em 1900. Foram motivadas por um futuro que traz novas oportunidades. Muitos iniciaram o caminho da imigração árabe nos portos de Beirute, Haifa e Alexandria, passando por Marselha da França ou Gênova da Itália até sua chegada a Buenos Aires, onde continuaram sua jornada pela cordilheira dos Andes, nas costas das mulas.

Em geral, os imigrantes palestinos no Chile eram artesãos e camponeses com um bom nível cultural e de educação e não encontravam sérios problemas econômicos em suas cidades nativas. Muitos novos imigrantes iniciaram suas atividades como vendedores ambulantes a serviço de algumas fábricas que viajam para aldeias para vender produtos de todos os tipos, e eram chamados de “Falte”, um nome devido às suas atividades como vendedores. Depois disso, os imigrantes dominaram o comércio e começaram a localizá-lo em lojas de ruas comerciais das vilas e cidades chilenas. E o progresso econômico permitiu aproveitar as oportunidades oferecidas pela manufatura e entrar com sucesso na indústria têxtil e, mais tarde, nos bancos, agricultura e mineração.

LEIA: A oportunidade na crise: Israel, Palestina e comunidade internacional

Embora comerciantes e industriais palestinos tenham avançado na esfera econômica, era difícil incluí-los na sociedade chilena. Eles tiveram que suportar a rejeição e o sofrimento da imigração e do asilo, que se estendia aos filhos e, em menor grau, aos netos.

A comunidade palestina no Chile é a maior comunidade palestina fora do mundo árabe no mundo e a maior comunidade estrangeira no Chile, com um número estimado de 400 a 500 mil palestinos, filhos e netos oriundos dà cidade de Belém, na Cisjordânia, e cidades como Beit Jala e Beit Sahour, A comunidade predominantemente cristã preservou sua herança e tradições e levou-a para a costa do Oceano Pacífico  e agora é considerada a quarta e quinta geração dos filhos dos primeiros imigrantes palestinos.

No final da década de 1920, um clube árabe ou palestino podia ser encontrado em todas as cidades do Chile. Na década de 1930, grandes indústrias foram criadas, especialmente a indústria têxtil, e em 1937 a comunidade fundou seu próprio banco (BCI) e uma companhia de seguros.

LEIA: Nunca desistiremos do direito à nossa terra, insistem os refugiados palestinos

Durante a década de 1940, os imigrantes e seus filhos já haviam conquistado  um bom status econômico e social. Tinham importantes indústrias, clubes sociais, centros culturais, mídia, informação e organizações para defender a causa palestina. A partir daí surgiu como exemplo, o Comitê Árabe Central do Chile, onde em sua primeira conferência em 1947, 250 delegados de todas as regiões do Chile participaram. Nos anos cinquenta do século passado, quase todas as crianças palestinas eram estudantes universitários e com participação muito ativa em todas as áreas da produção social, cultural e acadêmica. Até que eles se tornaram um dos componentes mais importantes da sociedade, tiveram influência econômica e forte influência política e ocuparam altos cargos no país, onde ministros de destaque, parlamentares e economistas, profissionais, diplomatas, padres, universitários e acadêmicos apareceram.

Torcedores do clube palestino na capital chilena, Santiago (mídias sociais)

Dezenas de organizações da sociedade civil palestina também atuam no Chile, destacando-se a Federação Palestina, o Comitê do Direito de Retorno, o Comitê Democrático Palestino, a União das Mulheres Palestinas, a União Geral de Estudantes Palestinos, a Escola Árabe, a Bethlehem Foundation 2000. O Clube Palestino no Chile é a maior instituição privada ṕalestina no continente latino americano e um dos clubes comunitários mais prestigiados de Santiago, com piscinas, quadras de tênis; Foi fundado em 1920 e é considerado um dos clubes mais famosos do continente.  Há outras grandes academias, além do clube esportivo Balsteno, fundado pelos primeiros imigrantes e um dos cmais antigos do país; Seu uniforme é composto pelas quatro cores da bandeira palestina e chegou ao campeonato de futebol do Chile algumas vezes,

LEIA: Diáspora palestina na América Latina

As instituições da sociedade civil palestina no Chile buscam preservar e transmitir a identidade palestina para as novas gerações, organizando viagens à Palestina, concedendo-lhes bolsas de estudos para o idioma árabe na Palestina e na Jordânia e envolvendo-as em conferências de mídia na Palestina. Universitários contribuem, promovendo a conscientização entre as gerações palestinas sobre os problemas de seu país, recebendo palestrantes da Palestina e do mundo árabe em universidades ou em seminários e festivais. Algumas instituições concentram seus esforços nas crianças palestinas no Chile e na Palestina, oferecendo doações ṕara melhorar suas condições de vida e de educação, saúde e entretenimento; Uma das mais importantes é a Fundação Palestina Belém 2000, responsável por organizar o  jantar anual (Maklube Fraterno) para empresas e instituições financiarem essas iniciativas.

Uma foto de uma equipe de clubes palestinos no Chile, onde o mapa histórico da Palestina aparece (mídias sociais)

Um papel importante da comunidade está na criação de redes entre organizações chilenas e palestinas, promovendo valores de fraternidade e amizade entre os dois povos e os princípios dos direitos humanos e direito internacional, além de desempenhar um papel de coordenação entre os grupos parlamentares para servir a causa palestina. As mulheres atuam em cooperação com o Senado e a Câmara dos Deputados do Chile. para promover projetos de resolução em favor da Palestina; Viagens anuais são organizadas para que os parlamentares chilenos aprendam sobre a realidade da Palestina.

Organizações  importantes da comunidade no Chile continuam defendendo a terra palestina e seu direito a ela. È um modelo de resistência de quem jamais vendeu sua terra natal. E em todos os fóruns dos quais participa, afirma o direito direito de retornar.

Ao conhecer a experiência chilena, caabe reconhecer que a conexão com a Palestina é maravilhosa.

 

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

Sair da versão mobile