O Festival de Música de Baalbek, tradicionalmente grande, realizado nas ruínas romanas de 3.000 anos no leste Líbano, foi reduzido a um único concerto em 2020, devido à pandemia de coronavírus.
Para o maestro Harout Fazlian, no entanto, trata-se do concerto mais especial de sua carreira.
No palco montado no Templo de Baco, Fazlian conduziu a Orquestra Filarmônica do Líbano e três coros durante um concerto de uma hora, que incluiu obras dos compositores libaneses Assi Rahbani e Mansour Rahbani, além de Verdi e Beethoven.
Não houve público devido às restrições do covid-19, mas a performance, registrada por catorze câmeras e drones, foi transmitida ao vivo por quase todas as principais emissoras de televisão do país, além de streaming online.
Fazlian teve a ideia durante o lockdown imposto nacionalmente no Líbano, há dois meses. Declarou o maestro:
Todo mundo terá um lugar na primeira fila. Este templo maravilhoso passou por muita coisa nestes 3.000 anos, mas sobreviveu; e sobreviveremos.
Os glamurosos festivais de música do Líbano – que certa vez atraíram lendas do jazz como Nina Simone e o músicos árabes como Um Kulthoum e Fairouz – já passavam por dificuldades antes da pandemia. A crise econômica libanesa e conflitos na região atingiram a organização dos eventos culturais nos anos recentes.
Fazlian declarou desejar propor “uma mensagem de esperança e solidariedade”, à medida que o Líbano mergulha profundamente na pior crise financeira de sua história, intensificada pela pandemia de coronavírus.
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O concerto de Fazlian foi a única apresentação deste ano.
Baalbek é o mais antigo festival de música do Líbano. Desde 1956, ajudou a tornar o país um centro cultural para toda a região.
Nayla De Freij, chefe do comitê organizador do festival de Baalbek, afirmou que todos os artistas e técnicos trabalharam no projeto de domingo gratuitamente. “É como um grande grito: queremos que a vida continue”, afirmou.