Não é possível falar dos palestinos da diáspora sem lembrar dos símbolos e personalidades do Chile. A comunidade é de cerca de 500 mil pessoas e sua migração remonta a quase 100 anos.
Um dos mais importantes políticos chilenos é Francisco Shahwan, que assumiu o cargo de vice-presidente e agora é membro do Senado. Outro nome conhecido é Salvador Said, dono da maior empresa imobiliária do continente latino americano e com negócios na área de alimentos, indústrias, bancos e setor agrícola. Recentemente o Clube Palestino, que foi fundado pelos filhos dos palestinos de 1920
Alvaro Sayegh, ex-primeiro vice-presidente de uma das maiores instituições bancárias é CEO interino do conglomerado de mídia Copesa, dono de hotel, diretor da Santiago Securities, consultor da Sociedade de Fomento Fabril e membro do International Finance Institute.
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Há muitos palestinos bem sucedidos do Chile em vários níveis: comercial, econômico, político e outros.A equipe de observadores do Oriente Médio conduziu vários diálogos com as figuras palestinas jovens mais importantes:
Anuar Majluf é um dos ativistas palestinos mais conhecidos do Chile. Nascido em Santiago, e cujas origens remontam a Beit Jala, na Palestina, é um advogado chileno e Diretor Executivo da Comunidade Palestina do Chile, formado em ciências políticas pela Universidade Adolfo Ibanez. Anwar diz que preservar a língua árabe é um ponto de entrada para preservar os costumes e tradições palestinos. Ele conta que, em 2010, estudou árabe no Centro de Língua Árabe da Universidade da Jordânia, onde morou naquele ano. Em 2012, formou-se em em língua árabe e cultura islâmica no Centro de Estudos Árabes da Faculdade de Filosofia e Humanidades da Universidade do Chile.
De 2008 a 2009, como dirigente da União Geral de Estudantes Palestinos, buscou aumentar a conscientização sobre a ocupação em cursos sobre a Palestina em várias universidades no Chile. Hoje diretor executivo do Clube Palestino no Chile, ele desempenha um papel importante na unidade das sociedades palestinas na América Latina e na busca de apoio das autoridades chilenas para a causa palestina e para preservar a comunidade e seu papel civilizacional e cultural. Em 2017. viajou para a Palestina em 2017 mas as autoridades israelenses o impediram de entrar.
As organizações estudantis palestinas no Chile contribuem para melhorar a identidade e e pertencimento das novas gerações palestinas, mantendo a consciência sobre os problemas e os desafios do seu povo. Sofia, uma estudante de sociologia e ativista na União Geral de Estudantes Palestinos (UGEP), é uma jovem da quarta geração dos imigrantes palestinos, com características que não indicam que ela é árabe, de pai chileno e mãe palestina. Seu avô, Saba Al-Hussein, veio de Beit Jala e chegou a Santiago por volta de 1900. Ou seja, cerca de cem anos atrás.
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Ghassan Khamis Qahhat, filho de um imigrante palestino que chegou ao Peru em 1970, conta que seu pai, Nasri Qahhat, morou com os pais dele na cidade de Beit Jala,, mas após a Guerra dos Seis Dias decidiu emigrar para fora da Palestina. Três anos depois, ele chegou ao Peru, onde seus irmãos mais velhos já estavam e começou a trabalhar com eles. Em 1993, mudou-se para o Chile, onde Ghassan estudou na Escola Árabe de Viña del Mar e depois cursou jornalismo. Ele agora trabalha para o Jornal da Comunidade Palestina no Chile. Através de seu trabalho na imprensa, em que escreve sobre a comunidade palestina no Chile, ele contribuiu para divulgar a causa e a cultura palestinas.
“Fazemos esse trabalho com muito amor, porque esperamos que um dia tenhamos nosso próprio estado palestino e acho que os palestinos da diáspora devem ajudar esse sonho conosco e não esquecer os esforços dos pais e avós”
Sofia acredita que o trabalho estudantil aprimora a participação na defesa da Palestina. Ela trabalha há anos com a UGEP e promove a campanha BDS nas universidades chilenas, hospeda palestrantes e realiza seminários, sessões de cinema e muitos programas e atividades relacionados à causa palestina. Ela está trabalhando para criar alianças com outras organizações de jovens em universidades chilenas como as do povo Mapuche – a população indígena do Chile – e boicotou a realização de atividades acadêmicas com universidades israelenses.
“Então, consegui colocar a questão palestina em cima da mesa, mesmo que eu não saiba muito sobre isso”.
Essas ações ajudam a criar um senso comum solidário aos palestinos, em outras palavras, transformando o apartheid israelense de uma questão desconhecida em algo que muitas pessoas se opõem e denunciam.
A presença dos palestinos no Chile e sua clara marca na prosperidade do país, em posições altas e sensíveis são evidências de sua importância e força. Essa força deve ser usada no interesse de Jerusalém e da Palestina atualmente. O povo palestino-chileno rejeita a normalização e o acordo do século e apoia o direito de retorno do povo palestino que emigrou de suas terras.
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