O promotor público do Egito acusou um estudante universitário de agredir indecentemente pelo menos três mulheres, incluindo uma que era menor na época, em um caso motivado por uma campanha de mídia social que abriu um raro debate público sobre crimes sexuais.
Ahmed Bassem Zaki, com 20 e poucos anos, foi alvo de uma campanha no Instagram na semana passada a partir de uma conta que incluía postagens de mulheres acusando-o de crimes sexuais. A Reuters não conseguiu localizar um advogado que o representasse.
Zaki é acusado de “tentar fazer sexo com duas garotas sem o consentimento e agressão indecente contra elas e uma terceira garota” entre 2016 e 2020, além de chantagem, disse o promotor público. Uma das supostas vítimas tinha menos de 18 anos na época.
Zaki foi preso no sábado. O promotor público disse na noite de segunda-feira que um tribunal ordenou sua detenção por 15 dias.
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O caso atraiu a atenção generalizada da mídia, figuras religiosas e grupos de mulheres em um país onde os defensores dos direitos dizem que crimes de assédio ou de abuso sexual muitas vezes ficam impunes.
O sistema legal é comumente usado para impor costumes sociais conservadores, que alguns dizem atribuir mais culpa às mulheres acusadas de provocar crimes sexuais do que aos homens por cometê-las. Várias mulheres estão sendo processadas por “promover a devassidão” online como influenciadoras nas plataformas de mídia social TikTok e Instagram.
Al-Azhar, a principal autoridade muçulmana sunita do Egito, apelou para que as vítimas se manifestem e sejam apoiadas.
“As roupas das mulheres – sejam elas quais forem – não são uma desculpa para atacar sua privacidade, liberdade e dignidade”, afirmou.
O caso de Zaki é “uma mensagem para que toda garota ou mulher tenha certeza de que seu direito, não importa quão tarde seja, não será perdido”, disse Maya Mursi, chefe do Conselho Nacional para as Mulheres do Egito.