Israel e os Estados Unidos estão desenvolvendo uma estratégia compartilhada com o objetivo de tirar figuras militares iranianas importantes e desacelerar o programa nuclear iraniano, revelaram autoridades americanas ao New York Times.
Após a explosão na cidade iraniana de Natanz em 2 de julho, na qual uma instalação nuclear foi severamente danificada, bem como uma série de outras explosões na mesma semana, foi revelado pelo NYT que Israel estava por trás dos ataques.
O Irã negou, no entanto, que o ciberataque de Israel foi a causa da explosão, apesar do ex-ministro da Defesa israelense Avigdor Lieberman ter acusado o chefe da agência de inteligência israelense Mossad de vazar os detalhes de seu ataque.
A notícia de outra explosão em uma área da capital Teerã, que o Irã também negou ter ocorrido,levantou questões sobre as explosões, a verdade por trás delas e a extensão do envolvimento de Israel.
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A ligação entre essas explosões e ataques realizados por Israel e pelos EUA agora foi reforçada por autoridades americanas mais graduadas, que estariam desenvolvendo uma estratégia parcialmente secreta contra o Irã e seu programa nuclear.
Um exemplo citado foi a comparação das fontes da explosão de Natanz com o ciberataque Stuxnet que atingiu as instalações nucleares do Irã em 2010, retirando quase um quinto de suas centrífugas. O ataque, que ocorreu no início deste mês, tem semelhanças com o ataque cibernético, informaram as fontes, o que teria atrasado o Irã por dois anos em seu programa nuclear.
Essa estratégia de coordenação entre Israel e os EUA foi indicada pelo enviado especial do Departamento de Estado para o Irã, Brian H. Hook, no mês passado, quando disse: “Vimos historicamente que timidez e fraqueza convidam mais agressões iranianas”.
Um exemplo que as autoridades israelenses e dos EUA supostamente buscam nessa estratégia foi o assassinato do comandante Qassem Soleimani do IRGC (Iranian Revolutionary Guards Corp) no início deste ano, o que resultou em uma retaliação limitada por parte do Irã, mas que as autoridades viram como voltada a impedir mais danos.
O relatório do jornal previa que o próximo passo que essa estratégia conjunta EUA-Israel realizaria poderia ser um confronto com quatro navios-tanque iranianos que estavam então viajando para a Venezuela para entregar petróleo, violando as sanções dos EUA.
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A ação de recuar contra o programa nuclear do Irã é arriscada, alertam os analistas, pois pode servir para forçá-lo a operar ainda mais no subsolo e tornar as instalações e os componentes mais difíceis de detectar.
A estratégia ocorre depois que os EUA, sob a administração do presidente Donald Trump, retiraram-se do acordo nuclear iraniano de 2015 há dois anos, aumentando as hostilidades e as tensões entre os dois países.
O Irã alertou na semana passada que, se for comprovado que um ciberataque israelense está por trás da explosão em Natanz, ele retaliará e responderá à ameaça.