Dezenas de milhares de migrantes, a maioria etíopes, estão presos no Iêmen e pelo menos 14.500 foram transferidos internamente à força em meio a temores de que os eles contribuam para a disseminação da covid-19, informou a agência de migração da ONU na terça-feira.
Milhares de trabalhadores etíopes ligados à Arábia Saudita atravessam o Iêmen todos os meses, mas restrições destinadas a conter a rápida disseminação da covid-19 no país devastado pela guerra reduziram as chegadas, informou a Reuters.
Entre os que já estão no país, milhares foram transportados de ônibus ou caminhões para cidades como Aden e Marib, onde agora estão presos, disse a Organização Internacional para as Migrações (OIM).
“É uma situação muito terrível quando você combina (dificuldades de) acesso com as circunstâncias em que vive uma população móvel em ambientes urbanos”, disse o porta-voz da OIM Paul Dillon a jornalistas em Genebra. Ele se recusou a fornecer detalhes sobre quem é o responsável pelas transferências.
Um número desconhecido de migrantes retidos poderia estar sendo mantido em centros de detenção que já apresentavam baixos padrões de higiene mesmo antes do surto de covid-19, acrescentou Dillon. Moradores e instituições de caridade estavam ajudando alguns dos migrantes.
A Organização das Nações Unidas (ONU) diz que o vírus está se espalhando sem restrições em um país com sistemas de saúde destruídos e capacidade de testes inadequada após anos de guerra, e que o número real de casos é provavelmente muito maior do que registram os relatórios oficiais.
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