Um empregador saudita assassinou dois funcionários egípcios após discussão no trabalho sobre a conclusão da obra que realizavam.
Adel Abdel-Imam Hussein e Izz al-Din Muhammed Abdel-Shafi eram da aldeia de Al-Butha, na cidade de Nag Hammadi, Alto Egito.
O patrão, responsável pelos trabalhador conforme o controverso sistema de kafala, convocou a presença dos dois homens e então atirou contra eles, pelas costas, três vezes seguidas, segundo relatos de notícias locais.
Usuários das redes sociais exigiram justiça às vítimas.
O sistema de kafala da Arábia Saudita, ou patronato sobre imigrantes, é utilizado para contratar trabalhadores estrangeiros a baixo custo, principalmente nos setores de trabalho doméstico e construção civil. Determina responsabilidade dos empregadores aos funcionários, ao longo de sua estadia.
Devido à extensão do controle que concede aos empregadores, críticos afirmam que o sistema de kafala equivale a um modelo moderno de escravatura, condenado amplamente por grupos de direitos humanos.
Há relatos de que o governo saudita estuda abolir o sistema de kafala.
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O crime ocorreu logo após viralizar um vídeo no qual um homem do Kuwait estapeia um caixa de supermercado, nascido no Egito. O incidente também resultou em uma onda de denúncias sobre o racismo endêmico nos estados do Golfo contra trabalhadores imigrantes.
Em ambos os casos, no entanto, autoridades do Egito foram rápidas em defender seus aliados do Golfo, a despeito de seus cidadãos nativos.
“Tais incidentes são executados por indivíduos e não refletem a comunidade saudita, que trata os egípcios como irmãos e irmãs, com laços históricos”, alegou Nabila Makram Abdel-Shahid, Ministra de Recursos Humanos e Imigração do Egito, ao abordar o crime cometido na Arábia Saudita.
A ministra alertou ainda contra formas de incitação contra o reino.
Uma declaração similar foi divulgada em resposta ao vídeo viral do episódio de agressão ocorrido no Kuwait.
O Cônsul Geral do Egito no Kuwait, embaixador Hisham Asran, afirmou tratar-se de incidente isolado que não retrata a força das relações bilaterais entre os países ou afeta a estabilidade dos trabalhadores egípcios atualmente no Kuwait.
O Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi buscou fortalecer as relações com os estados do Golfo, desde 2013, quando tomou o poder via golpe militar.
Imediatamente após o golpe, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Kuwait ofereceram apoio financeiro ao governo de Sisi. Entre julho de 2013 e agosto de 2016, os três países concederam cerca de US$30 bilhões em assistência ao regime egípcio.
Trabalhadores egípcios expatriados no Golfo são responsáveis por aproximadamente US$25 bilhões dentre as remessas internacionais ao país norte-africano. Tais recursos, no entanto, foram também afetados pela pandemia de coronavírus.