O Ministro de Relações Exteriores do Líbano Nassif Hitti renunciou nesta segunda-feira (3) devido ao que descreveu como falta de vontade política para executar reformas, à medida que o país luta contra uma crise financeira severa, que impõe a maior ameaça à estabilidade nacional desde a guerra civil, entre 1975 e 1990.
Doadores internacionais deixaram claro que não haverá qualquer assistência ao Líbano até que o governo implemente reformas há muito postergadas, a fim de solucionar o desperdício público e a corrupção, raízes do colapso. Conversas com o Fundo Monetário Internacional (FMI) estão suspensas diante da escala das perdas financeiras.
“Dada a falta de vontade efetiva para alcançar reformas estruturais abrangentes, que nossa sociedade e a comunidade internacional exigiram de nós, decidi renunciar”, declarou Hitti em nota.
Prosseguiu:
Participei deste governo para trabalhar para um único chefe apenas, chamado Líbano. Então, descobri em meu país múltiplos chefes e interesses contraditórios. Caso não se reúnam em torno do interesse comum de resgatar o povo libanês, que Deus me perdoe, mas o navio afundará com todos dentro.
Hitti, ex-embaixador libanês para a Liga Árabe, foi nomeado chanceler em janeiro, quando o Primeiro-Ministro Hassan Diab assumiu o cargo e formou o novo governo, com apoio do movimento Hezbollah, ligado ao Irã, e seus aliados.
Sua decisão de demitir-se também foi motivada por divergências com Diab, particularmente após uma visita recente do Ministro de Relações Exteriores da França Jean-Yves Le Drian. Hitti sentiu-se frustrado ao ser ignorado na ocasião, relataram fontes próximas ao ministério, à agência Reuters.
Diab pareceu criticar Le Drian por relacionar qualquer envio de assistência econômica às reformas e a um eventual acordo com o FMI, durante sua visita a Beirute, em julho.
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O estado libanês deu início a conversas com o FMI em maio, após não conseguir pagar sua alta dívida externa.
Não obstante, esperanças de salvação por meio de um acordo com o FMI estão suspensas, pela falta de reformas e de qualquer consenso entre o governo e bancos privados, no que se refere a potenciais perdas financeiras.