Mohamed Iltaf Sheikh, lorde islâmico filiado ao Partido Conservador do Reino Unido, venceu um caso de calúnia e difamação contra a empresa de mídia britânica Associated Newspaper, referente a um artigo publicado em agosto de 2018, que o acusou de comparecer a uma “conferência de ódio”, na Tunísia.
O lorde Sheikh registrou queixa de difamação a respeito de um artigo publicado pela rede Mail Online, sob manchete redigida por Jake Wallis Simons, editor global da corporação britânica. Lia-se: “Exclusivo: Membro de elite do Tory [Partido Conservador] aparece na ‘conferência do ódio’ de Corbyn, na Tunísia, após anos lado a lado com radicais islâmicos, pregadores de ódio e negacionistas do Holocausto.”
O artigo concentrou-se na participação de Sheikh em uma conferência realizada na Tunísia, em 2014. Antes de atacar Sheikh, a imprensa concentrou-se amplamente na suposta presença de Jeremy Corbyn, ex-candidato a premiê pelo Partido Trabalhista do Reino Unido, em cerimônia funeral realizada durante o evento.
O texto acusou Sheikh de filiar-se a “radicais islâmicos” e antissemitas, acompanhado pela infame imagem de “Jihadi John”, estereótipo islâmico vestindo balaclava e apontando uma faca contra a câmera.
A corte foi informada que Lorde Sheikh de fato fora convidado para discursar na conferência tunisiana, realizada pouco após a guerra de Israel sobre Gaza resultar em 2.000 mortes.
LEIA: Grupo terrorista judaico lidera campanha de ódio contra loja pró-Palestina, no Canadá
Em seu discurso, Sheikh demonstrou pleno alinhamento à política do governo britânico, ao defender que, para conquistar a paz duradoura, uma solução de dois estado deve conceder segurança para Israel assim como respeito aos direitos do povo palestino.
Sheikh não participou da cerimônia funeral, que atraiu polêmica, no contexto dos ataques sistemáticos a Corbyn.
Nesta quinta-feira (30), foi determinado pela Suprema Corte em Londres que o artigo publicado pelo Mail Online possuía natureza altamente difamatória. A rede Associated Newspapers teve, portanto, de emitir um pedido de desculpas ao Lorde Sheikh em declaração lida pelo juiz Mark Warby.
Callum Galbraith, advogado de Sheikh, informou à corte ainda ontem que a rede de imprensa aceitou o fato de que as alegações graves eram falsas, além de consentir com o pagamento de soma substancial em danos morais e custos legais.
Foi reportado à corte que a Associated Newspaper aceitou que “não havia e não há qualquer verdade nas alegações promovidas pelo artigo … e está satisfeita em esclarecer os fatos e oferecer desculpas”.
Segundo nota do advogado de Sheikh: “Vossa Excelência, o juiz Warby, observou que o artigo carrega o seguinte significado – ‘o sentido natural e ordinário das palavras e fotografias sob queixa, neste contexto, é que o reclamante possui longo histórico de apoiar ou associar-se intimamente com pessoas e organizações que expressam ou promovem discursos radicais ou antissemitas, a despeito das tentativas do esclarecer que … suspeitar tratar-se secretamente de antissemita que aprova ou simpatiza com negacionistas do Holocausto, jihadistas islâmicos ou pregadores de ódio … é chocante e perturbador.”
Lorde Sheikh foi nomeado par vitalício, em 2006, ao obter título de barão
Após audiência, o lorde britânico afirmou: “Antes e desde que entrei na Câmara dos Lordes, busco constantemente promover a compreensão interracial e inter-religiosa, assim como a tolerância e o respeito. Ver-me acusado por um jornal de conduta bastante distinta, à qual sempre me opus, foi profundamente doloroso. Sinto-me feliz de finalmente limpar meu nome de tais alegações chocantes e infundadas. Agradeço minha equipe legal por seu apoio constante no que, para mim, foram tempos difíceis e estressantes.”