No domingo (2), o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu resolveu responder aos protestos que pedem por sua renúncia, ao acusar os manifestantes de sabotar a democracia e condenar a imprensa por supostamente encorajá-los.
Netanyahu, que assumiu seu quinto mandato como premiê em maio, após sucessivos impasses eleitorais e acordo com a oposição, costuma reclamar da suposta parcialidade da imprensa contra ele.
No entanto, algumas das acusações de corrupção pelas quais foi indiciado referem-se justamente a tentativas de obter cobertura favorável de magnatas da mídia, em troca de favores do estado.
Milhares de israelenses tomaram as ruas nas últimas semanas, incluindo atos frequentes em frente à residência oficial de Netanyahu, em Jerusalém, que protestam contra a corrupção de seu governo e o colapso econômico decorrente da má-gestão do coronavírus.
Netanyahu, que lidera o partido de direita Likud, negou qualquer delito, diante das três acusações formais às quais responde.
Ao criticar a mídia e as manifestações, em reunião semanal de seu gabinete de governo, Netanyahu alegou que, embora manifestantes apresentem sua campanha como tentativa de “preservar a democracia israelense, vejo como tentativa de pisoteá-la”.
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“Essas manifestações são incitadas pela mobilização da mídia, as quais especificamente não posso lembrar”, alegou o premiê, ao acusar o imprensa de Israel de agir conforme uma uniformidade “semelhante à Coreia do Norte”, supostamente tendenciosa contra seu próprio governo.
“A imprensa não reporta as manifestações, mas sim participa delas. Eles as incitam”, declarou o primeiro-ministro israelense. Contudo, destacou que ninguém pretende restringir os protestos, com grande participação de jovens israelenses.
O principal parceiro de coalizão e ex-rival eleitoral de Netanyahu, o Ministro da Defesa Benny Gantz, líder do partido centrista Azul e Branco (Kahol Lavan), defendeu as manifestações. “O direito de protestar é a força vital da democracia”, argumentou na reunião de gabinete.
Não obstante, pesquisas de opinião demonstram que a popularidade do premiê está em franco declínio.
Netanyahu, de 70 anos de idade, retornou ao cargo em 2009, após primeiro mandato de 1996 a 1999.
O parlamentar Tamar Zandberg, do partido oposicionista Meretz, afirmou em comunicado que Netanyahu “marcha sobre as pegadas de regimes obscuros”.
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