Ao ver os vídeos de Hamid Saeed nas redes sociais, que viralizaram na última semana, nos quais o jovem sofria claro abuso das forças de segurança do Iraque, sua família pôde apenas agarrar-se à esperança de que o adolescente ainda estava vivo.
Procuravam em vão por Saeed, desde seu desaparecimento, há mais dez semanas.
No sábado (1°), o jovem de dezesseis anos foi libertado da custódia. Na segunda-feira (3), com um boné de baseball e uma camisa xadrez, foi recebido pelo próprio Primeiro-Ministro Mustafa al-Kadhimi, na sede do governo iraquiano.
O premiê alegou que os responsáveis pela agressão contra o jovem foram suspensos e serão levados a julgamento, após a devida investigação sobre o caso.
Em maio, Saeed vendia garrafas de água durante um protesto contrário ao governo, na Praça Tahrir, no centro da capital Bagdá, quando uma de suas garrafas caiu no chão. Ao abaixar-se para pegá-la, forças do Ministério do Interior do Iraque o detiveram, sob acusação de supostamente desejar atirar pedras contra os policiais, relatou Saeed à Reuters, de sua casa.
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Saeed afirmou que as forças de segurança o imobilizaram e o espancaram; então, rasgaram suas roupas e cortaram seus cabelos.
Mais tarde, retornou à Praça Tahrir, mas foi detido em uma delegacia de Bagdá por dez semanas, sem qualquer contato com sua família, após brigar com um homem que o acusou de roubar uma bicicleta.
Quando os vídeos da agressão circularam na internet, há alguns dias, os parentes de Saeed acharam que a violência ocorrera muito recentemente e que logo seria revelada a localização do menino, sob custódia policial.
Após receber o jovem libertado em seu gabinete, Kadhimi emitiu uma declaração na qual reiterou que “aqueles que exploram sua posição nas forças de segurança para agredir [os cidadãos] encontrarão somente punição e julgamento legal”.
Na terça-feira, Kadhimi exonerou um oficial de alto escalão das forças de segurança, reportou um porta-voz de seu gabinete, em coletiva de imprensa.
O novo governo de Kadhimi prometeu investigar as mortes e prisão de centenas de manifestantes, no decorrer dos protestos populares que depuseram seus antecessores, em 2019.
Na última semana, três policiais foram suspensos por utilizar rifles de caça de uso pessoal durante um protesto civil, resultando na morte de dois manifestantes.