Este ano tem sido trágico: pandemia, crises econômicas, fome, governantes insensíveis por toda parte. Agora, vem a tragédia pungente de Beirute, quase na mesma data de outra bem parecida ocorrida há exatos 75 anos (Beirute, em 4 de agosto de 2020; Hiroshima, em 5 de agosto de 1945). De fato, muita tragédia para um ano só. Muito sofrimento para caber num intervalo tão curto do calendário.
Visões apocalípticas varrem o mundo. Oportunistas do poder e do capital agem como abutres a explorar o sofrimento das massas. Os piores governantes possíveis foram alçados ao poder por toda parte. São pessoas medíocres, despreparadas, de desempenho pífio, quando não verdadeiros patifes. Os anti-heróis sentem-se à vontade; pois, o tempo é deles, a maré é favorável – o palco e os holofotes foram focados neles.
O homem, tão pequenino diante de tão estarrecedora realidade, depara-se com a sua impotência, mas o que mais ofende, machuca e humilha é o cinismo constante dos donos do poder. São elites putrefatas que oprimem o mundo pela força de idéias falsas espalhadas pela mídia mentirosa, pelo poder de arsenais militares gigantescos, com alta capacidade de destruição, e pela hegemonia absoluta no campo econômico, com políticas neoliberais predatórias e criminosas.
O cenário é sombrio; o panorama é lúgubre. Temos todos os motivos do mundo para sermos abatidos pelo pessimismo e tomados pelo desânimo. Mas prefiro acreditar que a aurora está por vir, linda, brilhante e cheia de luz. Acredito que está chegada a hora da aurora dos povos e a vez dos oprimidos. O mal não triunfará nunca. Os algozes de hoje serão enforcados pelos maltratados e oprimidos de hoje, que serão os justos donos do poder do amanhã. A justiça será feita e a paz instaurada. Viva a aurora!
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