O principal local de armazenamento de grãos do Líbano, no porto de Beirute, foi destruído na explosão dessa terça-feira (4), o que deixou o país com menos de um mês em reservas de grãos, embora ainda haja farinha suficiente para evitar uma crise, disse hoje (5) o ministro da economia, Raoul Nehme.
Um dia depois da devastadora explosão, Nehme afirmou à Reuters que o Líbano precisa de reservas para pelo menos três meses, a fim de garantir a segurança alimentar, e que estava olhando outras áreas para armazenamento.
A explosão foi a mais forte que já atingiu Beirute, cidade marcada por uma guerra civil há três décadas. A economia já estava desabando antes do incidente, com importações de grãos desacelerando, à medida que o país enfrentava dificuldades para obter moeda forte para as compras.
“Não há crise de pão ou farinha”, disse o ministro. “Nós temos estoques suficientes e barcos a caminho para cobrir as necessidades do Líbano no longo prazo”.
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Ele afirmou que as reservas de grãos no restante do Líbano são suficientes para “pouco menos de um mês”, mas disse que o silo destruído (estrutura utilizada para o armazenamento de grãos) estava com apenas 15 mil toneladas de grãos, muito menos que sua capacidade, que um oficial descreveu como de 120 mil toneladas.
O distrito portuário de Beirute foi destruído pela explosão, o que desativou o principal ponto de entrada para importações que alimentam uma nação com mais de 6 milhões de pessoas.
Ahmed Tamer, diretor do porto de Trípoli, a segunda maior instalação do Líbano, disse que o local não tem armazenamento de grãos, mas as cargas podem ser levadas para armazéns a 2 quilômetros (km) de distância.
“Tememos um enorme problema na cadeia de suprimento, a menos que haja um consenso internacional para nos salvar”, disse Hani Bohsali, chefe de um sindicato de importadores.
Agências da Organização das Nações Unidas estão reunidas nesta quarta-feira para coordenar esforços de socorro a Beirute, disse Tamara al-Rifai, porta-voz da agência palestina de refugiados UNRWA.
“As pessoas são extremamente pobres, é cada vez mais difícil para qualquer um comprar comida, e o fato de Beirute ser o maior porto do Líbano torna a situação muito ruim”, disse ela. “Estamos olhando para Trípoli, mas é um porto muito menor.”
As reservas de farinha eram suficientes para cobrir as necessidades do mercado por um mês e meio e havia quatro navios transportando 28 mil toneladas de trigo em direção ao Líbano, disse Ahmed Hattit, chefe do Sindicato dos Importadores de Trigo, ao jornal Al-Akhbar.
O Líbano está tentando transferir imediatamente para o porto de Trípoli quatro navios que transportam 25 mil toneladas de farinha, disse um representante do governo ao canal de notícias LBCI.
Publicado originalmente em Agencia Brasil