Cientistas, oficiais e representantes de ongs israelenses alertaram nesta quarta-feira (5) que a tragédia no porto de Beirute pode acontecer também em Haifa, que abriga enormes silos de materiais petroquímicos perigosos, segundo informações do jornal Israel Hayom.
“O incidente no Líbano ilustra o risco de termos altas concentrações de materiais perigosos perto de centros densamente povoados e destaca a necessidade urgente de fecharmos indústrias de produtos voláteis e inflamáveis”, explicou o dr. Revital Goldschmidt, do Centro de Pesquisas Ambientais em Haifa.
Prosseguiu: “As pessoas alegam que o que explodiu [em Beirute] foi nitrato de amônio. O depósito de amônio [em Haifa] foi esvaziado, mas a baía de Haifa ainda está sob risco devido a amônia, com navios petroquímicos estacionados não muito longe da população.”
Goldschmidt observou ainda que há “uma fábrica de fertilizantes e explosivos no meio da cidade, que possui tonéis desprotegidos com 15 toneladas de produtos”.
“Exortamos o governo a submeter ao gabinete um plano para fechar tais perigosas fábricas, com urgência”, concluiu Goldschmidt, ao observar que Israel não está preparado para lidar com as baixas massivas de um incidente como em Beirute, decorrente da eventual explosão das instalações em Haifa.
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A advogada Jameela Hardal Wakim, diretora da organização não-governamental Cidadãos pelo Meio Ambiente, acrescentou: “O que aconteceu em Beirute pode acontecer também na baía de Haifa, ou em Ashdod, ou qualquer outro lugar que possua grandes depósitos de materiais perigosos”.
“Segundo a última análise de riscos, há cerca de 1.500 pontos de risco e 800 materiais perigosos armazenados na baía de Haifa. Sabemos bem que as medidas de segurança necessárias não foram tomadas”, reiterou Wakim.
Diante do episódio, o prefeito de Haifa Einat Kalisch-Rotem asseverou: “Por anos, mesmo antes de ser eleito prefeito, liderei uma luta para interromper a expansão de indústrias poluentes na baía de Haifa. Hoje, fica claro a todos nós que não suficiente impedir que cresçam – é preciso que deixem a área”.
“Nossa preocupação, baseada em especialistas em campo, é sobre o exato cenário que ocorreu ao norte de Israel ontem [terça-feira]”, concluiu Kalisch-Rotem.