A capital israelense Tel Aviv buscou demonstrar solidariedade ao Líbano na noite de ontem (5), ao iluminar sua prefeitura com as cores da bandeira nacional libanesa, em breve intervalo às tensões recentes entre os dois países.
A prefeitura da cidade israelense decidiu demonstrar apoio simbólico após a catastrófica explosão que abalou Beirute, na terça-feira (5), e destruiu grande parte da zona portuária. Ao menos 135 pessoas morreram e mais de 5.000 ficaram feridas pela explosão. Cerca de 300.000 residentes da capital libanesa estão agora desabrigados, como resultado direto do incidente e sua onda de choque.
“Humanidade vem antes do conflito”, alegou ontem o prefeito de Tel Aviv Ron Huldai. “Nossos corações estão com o povo libanês após este desastre terrível”.
O Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu também emitiu uma rara declaração conciliatória ao país vizinho: “Em nome do governo israelense, envio minhas condolências ao povo do Líbano. Ontem, houve um enorme desastre. Estamos preparados para estender nossa ajuda humanitária, de seres humanos a seres humanos.”
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Nem todos em Israel reagiram bem à oferta de Netanyahu e ao gesto de Tel Aviv. O próprio filho do premiê, Yair Netanyahu, tuitou: “Exibir a bandeira de um estado inimigo é um crime!”
Tecnicamente, Israel e Líbano ainda estão em guerra, o que levou a infames celebrações de alguns representantes do estado sionista. Um ex-membro do Knesset (Parlamento de Israel) também recusou-se a expressar solidariedade, ao chamar o desastre de “presente de Deus”.
A explosão em Beirute e a expressão de solidariedade em Tel Aviv ocorrem em meio a tensões crescentes entre dois países vizinhos, ao longo do último ano. Receios escalaram neste período sobre a possibilidade de novos confrontos militares no sul do território libanês, entre forças israelenses e o Hezbollah, ligado ao Irã.
Apesar de ambos alegarem não terem qualquer intenção de engajar-se em um conflito armado, Israel efetivamente reforçou sua presença militar na fronteira norte e uma altercação ocorreu, no fim de julho. Os incidentes levaram o Líbano a anunciar sua prontidão para defender-se, no caso de novos ataques contra seu território.
A princípio, diante de uma série de possibilidades, como atentado terrorista ou ataque estrangeiro, pensou-se que a explosão fora causada por fogos de artifício. Contudo, revelou-se que a combustão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio armazenado indevidamente, em um depósito no porto, fora a causa do incidente. O material estava abandonado há seis anos.
Apesar de ordens para remover o material e eliminá-lo de modo seguro, nada foi feito. Muitos habitantes do Líbano agora responsabilizam a corrupção flagrante e a má gestão do governo pela situação, diante da explosão que poderia ser evitada.