O Ministro de Relações Exteriores de Israel Gabi Ashkenazi exortou países latino-americanos a banirem o Hezbollah, movimento islâmico xiita do Líbano, com forte participação na vida política do país árabe. A demanda foi proposta durante encontro com embaixadores da América Latina, realizado na quarta-feira (5).
“O terrorismo afeta todos os países e devemos combatê-lo mutuamente”, afirmou Ashknazi, segundo o jornal israelense The Jerusalem Post. “A melhor forma de fazê-lo é impor sanções ao Hezbollah”.
O chanceler israelense destacou aos embaixadores latino-americanos: “Alguns dos países dos senhores já sofreram com este grupo. Podemos mudar isso, ao banir o Hezbollah. Seremos gratos caso tenhamos progresso nesta questão, junto aos países latino-americanos.”
Segundo relatos, o Hezbollah possui forte presença na América do Sul – em particular, Brasil, Argentina, Paraguai e Venezuela. O estado venezuelano não possui laços diplomáticos com Israel e é próximo ao Irã. O movimento libanês é hoje banido na Argentina, Colômbia, Honduras e Guatemala.
LEIA: Tel Aviv ilumina prefeitura com bandeira do Líbano após explosão em Beirute
Ashkenazi comentou ainda sobre a enorme explosão que abalou Beirute no dia anterior, ao destacar a diferença entre o movimento Hezbollah e o povo libanês. Reiterou também que Israel ofertou ajuda humanitária ao Líbano, por meio de terceiros.
Segundo artigo do jornal norte-americano Los Angeles Times, publicado neste ano, alguns especialistas creem que a presença e a ameaça do Hezbollah na América Latina seja exagerada, devido à falta de qualquer estrutura organizada do grupo na região. Contudo, alegou que a organização pode eventualmente engajar-se em “lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, por curto período de tempo”.
Em artigo da última terça-feira (4), publicado pelo jornal The Washington Post, especulou-se ainda que o Hezbollah seja responsável por um surto recente no tráfico de drogas no Oriente Médio e Europa. O movimento, porém, nega oficialmente qualquer envolvimento direto com drogas ilícitas.
Outros analistas acreditam que o grupo seja intimamente ligado a forças de segurança libanesas.
Da enorme diáspora libanesa, ao menos metade dos imigrantes residem hoje na América do Sul – a maioria, cristãos.
Não obstante, segundo Emanuele Ottolenghi – associado do think-thank Fundação pela Defesa das Democracias (FDD), com sede em Washington e postura de oposição ao Irã –, a área da Tríplice Fronteira, entre Paraguai, Argentina e Brasil, abriga uma das maiores comunidades xiitas libanesas na América Latina.
“O modus operandi do Hezbollah na Tríplice Fronteira é uma versão miniatura do que acontece no Líbano, onde controla e coopta a população xiita”, argumentou Ottolenghi.