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Com acordo, Emirados Árabes Unidos abandonam a luta palestina, afirma especialista

Palestinos protestam contra acordo de normalização entre Israel e Emirados Árabes Unidos e contra projeto de assentamento ilegal na região de Haris, em Salfit, Cisjordânia ocupada, 14 de agosto de 2020 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]
Palestinos protestam contra acordo de normalização entre Israel e Emirados Árabes Unidos e contra projeto de assentamento ilegal na região de Haris, em Salfit, Cisjordânia ocupada, 14 de agosto de 2020 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

Os Emirados Árabes Unidos chocaram aqueles que apoiam a luta legítima do povo palestino, ao patrocinar as estratégias expansionistas de Israel, com o novo acordo firmado entre Abu Dhabi e Tel Aviv, afirmou Anas Altikriti, fundador e diretor executivo da Fundação Cordoba, grupo britânico dedicado a viabilizar a compreensão entre países de maioria islâmica e Ocidente.

“O que acontecia em segredo, por trás de um fino véu de negações oficiais, simplesmente veio à luz como um acordo oficial promovido pelos Estados Unidos”, declarou Altikriti.

Em nota enviada à agência Anadolu, afirmou:

… a plena e absoluta normalização das relações Israel-Emirados não deveria surpreender ninguém que estivesse monitorando a política oficial do estado do Golfo, nos últimos sete anos, em particular.

“Entretanto, é chocante que um estado árabe islâmico tenha escolhido abandonar por completo a luta legítima do povo palestino, por seus direitos básicos incontestáveis, ao patrocinar oficialmente a visão expansionista de Israel para uma entidade colonial sionista que afetará os diversos estados árabes, incluindo Jordânia, Egito e Síria”, prosseguiu Altikriti.

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O especialista da organização britânica descreveu o acordo entre Israel e Emirados como “pacto lamentável” e enfatizou que a decisão deverá trazer maiores disparidades entre a opinião pública e os governos regionais.

Declarou: “Infelizmente, podemos esperar que estados árabes com inclinação semelhante acompanhem este pacto lamentável, o que deverá criar uma lacuna ainda maior entre tais regimes e suas populações.”

“Os povos árabes e islâmicos sempre permaneceram e sempre permanecerão ao lado dos direitos do povo palestino, por suas terras, territórios e lugares santos, incluindo al-Quds [Jerusalém] e a terra sagrada que abriga al-Masjid al-Aqsa [mesquita], independente de posturas fracassadas, derrotistas, imorais e imaturas do regime emiradense”, concluiu Altikriti.

O acordo

O acordo para normalizar relações entre Israel e Emirados Árabes Unidos foi anunciado pelo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump na quinta-feira (13), supostamente prorrogando os controversos planos israelenses de anexar grandes partes da Cisjordânia ocupada.

“O avanço diplomático histórico promoverá paz à região do Oriente Médio e é uma declaração a favor da ousada diplomacia e da visão dos três líderes, além da coragem dos Emirados Árabes Unidos e de Israel em estabelecer uma nova rota, que despertará o enorme potencial regional”, alegou declaração conjunta emitida por Estados Unidos, Emirados e Israel, em referência a Trump, Benjamin Netanyahu e Mohammed bin Zayed al-Nahyan, respectivamente.

Com o pacto, Emirados Árabes Unidos tornam-se o primeiro estado do Golfo e o terceiro país árabe a instituir plenas relações diplomáticas com a entidade sionista. Anteriormente, apenas Egito e Jordânia possuíam laços com Israel, na região.

Grupos palestinos denunciaram o acordo, ao reiterar que não serve à causa nacional palestina, tampouco considera os direitos legítimos do povo palestino.

O Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas descreveu o acordo como “traição”. Em comunicado oficial, o Hamas, movimento palestino baseado na Faixa de Gaza, classificou o pacto como “traiçoeira facada nas costas do povo palestino”.

Por sua vez, a Turquia classificou o acordo Israel-Emirados como “natimorto” e “absolutamente inválido”, ao destacar a indiferença do regime emiradense à vontade de povo palestino.

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Uma nota do Ministério de Relações Exteriores da Turquia denunciou: “Ao buscar seus limitados interesses, os Emirados Árabes Unidos tentaram representar sua traição à causa palestina como ato de altruísmo. A história e a consciência dos povos na região jamais esquecerão ou perdoarão esta hipocrisia.”

“Podemos assumir medidas para suspender as relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos ou retirar nosso embaixador”, advertiu ainda, na sexta-feira (14), o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

Nenhuma garantia sobre anexação da Cisjordânia

De fato, apesar do pacto, Emirados Árabes Unidos não possuem qualquer garantia contundente de que Israel não anexará futuramente partes dos territórios palestinos ocupados, sugeriu um oficial da chancelaria emiradense ao jornal britânico The Independent.

“Nada está escrito em pedra”, caso Israel descumpra suas promessas; não há “condições vinculadas” ao repentino acordo, segundo Omar Ghobash, assistente do Ministro de Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos Abdullah bin Zayed al Nahyan.

“Não temos nenhuma garantia”, asseverou o oficial.

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