O diretor geral da Alfândega de Beirute, Badri Daher, foi preso durante investigação sobre a grande explosão que abalou a capital libanesa em 4 de agosto.
Daher, que foi detido dias após a explosão, foi interrogado por quatro horas e meia ontem, antes que um mandado de prisão fosse emitido. A prisão do chefe da alfândega é a primeira desde que foi iniciada a investigação da enorme explosão.
O investigador judicial do caso, Juiz Fadi Sawwan, agora deve interrogar o diretor geral do porto de Beirute, Hassan Qureitem e mais 23 pessoas, entre eles ex-ministros e atuais, que foram citados no processo a ser questionado, informou o diário local Naharnet.
No entanto, Sawwan tem jurisdição para alcançar “qualquer pessoa identificada pela investigação como sendo um perpetrador, parceiro, interferente ou negligente” na explosão, de acordo com o processo.
O juiz já teria visitado o local da explosão para inspecionar a área e avaliar os danos.
De acordo com o presidente Michel Aoun, a investigação será conduzida em etapas e visa estabelecer três pontos-chave: as circunstâncias que cercam a carga; de onde veio o nitrato de amônio e quem o expediu; e para encontrar os responsáveis por manuseá-lo e protegê-lo em Beirute.
A explosão aconteceu quando 2.750 toneladas de nitrato de amônio, armazenadas de forma insegura no armazém do porto de Beirute 12 por seis anos antes da explosão, pegaram fogo. Quase 200 pessoas morreram na explosão que deixou milhares mais feridos e deixou pelo menos 300.000 moradores de Beirute desabrigados.
Na sequência da explosão, cartas escritas por Daher e enviadas ao “juiz de Assuntos Urgentes” do Líbano foram descobertas, detalhando que a substância altamente explosiva estava armazenada de forma insegura no porto.
Em cartas enviadas em 2014, 2015, 2016 e 2017, Daher alertou para os “perigos se os materiais permanecerem onde estão afetando a segurança dos funcionários (portuários)”, segundo a Associated Press (AP).
Mais tarde, foi revelado que tanto Aoun quanto o primeiro-ministro interino Hassan Diab foram avisados por oficiais de segurança de que a substância perigosa estava armazenada no porto, mas não agiram.
Em uma carta secreta para a dupla enviada em 20 de julho, Aoun e Diab foram avisados do risco de segurança que o produto químico representava. A dupla admitiu que sabia que a substância estava armazenada no porto, mas alegou que o porto não estava sob sua autoridade quando questionados sobre o motivo de não tomarem medidas preventivas.
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