O Kuwait prometeu reconstruir o único grande silo de grãos que abastecia o Líbano, destruído pela enorme explosão no porto de Beirute, no início de agosto. As informações são da agência Reuters.
A destruição da estrutura, com capacidade para armazenar 120.000 toneladas de alimentos, na região portuária, levou a temores de fome no país, que já sofre de grave colapso financeiro e dos efeitos da pandemia de coronavírus.
A estrutura representava o principal ponto de entrada para importações alimentares. Sua destruição resultou na dependência da população sobre depósitos privados menores, para que obtenham derivados de trigo, sem qualquer reserva pública.
O embaixador do Kuwait no Líbano Abdulaal al-Qenaie destacou à rádio local VdL, no fim de semana, que o silo fora construído em 1969, justamente com empréstimo da monarquia do Golfo para implementar o desenvolvimento do Líbano.
O Kuwait agora pretende reconstruir o silo, para que permaneça um símbolo de “como gerenciamos as relações entre países irmãos, que respeitam uns aos outros”, declarou Qenaie.
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A enorme explosão no porto resultou na morte de ao menos 180 pessoas, além de milhares de feridos e centenas de milhares de desabrigados, ao devastar grande parte da capital libanesa.
Após o desastre, protestos populares voltaram a tomar as ruas do Líbano contra a elite política no poder, levando todo o governo a renunciar.
O Ministro da Economia do Líbano Raoul Nehme, agora em exercício, à espera da formação de um novo gabinete de governo, garantiu ao público que não haverá crise de derivados do trigo, como farinha e pão, no país árabe.
O Líbano depende majoritariamente de importações para suprir a demanda de tais produtos essenciais.
Planos para construir um segundo silo de grãos, no segundo maior porto libanês, na cidade de Trípoli, foram engavetados há anos, devido à falta de recursos, segundo informações corroboradas à Reuters por um oficial da ONU, um oficial portuário libanês e um especialista sobre a economia de grãos no Líbano.
Diversas entidades enviaram ajuda humanitária ao Líbano, mas doadores internacionais deixaram claro que um novo resgate do estado libanês é condicional a reformas abrangentes que tratem do problema endêmico da corrupção, negligência e má gestão pública.
Relações com estados árabes do Golfo, que antes frequentemente emitiam apoio financeiro ao Líbano, desgastaram-se nos anos recentes, diante do papel cada vez maior do grupo Hezbollah, ligado ao Irã, nos assuntos estatais.
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