Quando ouvimos a palavra “pirâmide”, nossas mentes viajam imediatamente ao Egito. Há outro país, no entanto, que abriga ainda mais pirâmides em uma pequena faixa do deserto do que em todo o Egito.
Embora o Egito seja lar das maiores e mais famosas pirâmides do mundo, o Sudão detém o recorde de maior coleção de tais magníficas estruturas antigas, em todo o mundo.
Muitas vezes recordado como país assolado pela guerra civil e por doenças, a nação norte-africana de fato possui muito a oferecer aos entusiastas da história e da cultura, com seu rico, embora há muito tempo ignorado, patrimônio arqueológico em áreas distantes dos centros de conflito.
As Pirâmides de Meroe estão no topo da lista.
Edificadas na região de Núbia, uma das mais antigas civilizações da África, as pirâmides representam o local de descanso eterno à última dinastia dos majestosos Faraós Negros, na antiga capital cuxita de Meroe.
Uma viagem de um dia, cerca de 240 quilômetros a norte da capital sudanesa Cartum, poderá levá-lo a uma faixa do deserto onde se alinha tais impressionantes pirâmides antigas, que emergem diante da jornada como uma enorme miragem.
Mais de 200 pirâmides, agrupadas em três sítios arqueológicos, foram erguidas como túmulos para cerca de quarenta reis e rainhas que governaram o Reino Núbio de Cuxe, nas margens do Nilo, por mais de mil anos, durante o período meroítico, até sua queda em 350 d.C..
Alguns nobres mais ricos de Meroe e Napata também estão enterrados no local.
Construídas em granito e arenito, no estilo núbio, as pirâmides são marcadas por bases menores e inclinações acentuadas, entre seis e 30 metros de altura, em contraste com as colossais Pirâmides de Gizé, no Egito, a maior das quais possui 139 metros de altura.
Embora bastante menor que os dez milhões de turistas que visitaram as pirâmides egípcias, em 2018, as pirâmides núbias do Sudão apresentaram um número significativo de 700.000 visitantes, no mesmo período.
As pirâmides sudanesas, portanto, representam um Patrimônio Mundial da UNESCO plenamente disponível à visitação, sem a necessidade de enormes filas ou de navegar arduamente dentre multidões de turistas. A viagem ao quente deserto sudanês de fato vale a pena. Sem mencionar ainda a rota às pirâmides, dotada de aldeias pitorescas que oferecem um relance à vida tradicional da acolhedora população local sudanesa.
Muitos habitantes locais amigavelmente oferecem passeios de camelo ao redor das pirâmides, por uma pequena taxa. O turista também pode caminhar; vale garantir que seus sapatos sejam confortáveis e que traga água.
Sem a necessidade de vigias, os turistas são livres para entrar em muitas das pirâmides onde figuras detalhadas adornam as paredes internas, ilustrando os principais episódios dos reinados dos monarcas mortos.
Com o tempo, muitos artefatos foram descobertos dentro dos túmulos, incluindo itens de cerâmica, vidros coloridos e flechas. O explorador italiano Giuseppe Ferlini explodiu muitas das pirâmides em sua caça ao tesouro, no século XIX, deixando muitos dos monumentos sem a parte superior.
Sobreviventes do tempo e do vandalismo, as pirâmides são particularmente mágicas durante o nascer e pôr do sol. Caso verdadeiramente corajoso, é possível acampar durante a noite e desfrutar da visão das estrelas em meio à escuridão do deserto sudanês.
Como sítio funerário, as Pirâmides de Meroe são um impressionante monumento histórico nos deixado por uma majestosa civilização antiga. Certamente, um espetáculo memorável.
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