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Acordo emiradense reduz o acesso islâmico a Al-Aqsa, denuncia estudo israelense

Colonos israelenses, escoltados pela polícia da ocupação de Israel, invadem o complexo da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, 2 de junho de 2019 [Ahmad Gharabli/AFP/Getty Images]
Colonos israelenses, escoltados pela polícia da ocupação de Israel, invadem o complexo da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém, 2 de junho de 2019 [Ahmad Gharabli/AFP/Getty Images]

Um centro de estudos israelense especializado em assuntos de Jerusalém concluiu que o acordo de normalização entre Israel e Emirados Árabes Unidos realiza uma mudança sem precedentes no status dos santuários religiosos da cidade e nos direitos islâmicos da Mesquita de Al-Aqsa.

Um relatório da organização Terrestrial Jerusalem afirma que o pacto concede legitimidade para que judeus realizem orações dentro de Al-Aqsa, em detrimento do acesso da comunidade islâmica ao santuário histórico. Muitos colonos ilegais israelenses já executam incursões diárias ao complexo religioso, escoltados por policiais israelenses que efetivamente restringem o acesso islâmico, em Jerusalém ocupada.

A ong é um centro independente especializado em monitorar os eventos que ocorrem em Jerusalém. É administrada pelo notório analista político israelense Daniel Seidman.

Segundo a revista Newsweek, Seidman é “a pessoa mais informada sobre o que acontece em Jerusalém e dificilmente perde sequer a mudança de um monte de terra de um lugar ao outro, na cidade sagrada.”

O acordo entre Israel e Emirados Árabes Unidos, relata o estudo, envolve uma mudança significativa no status de Jerusalém, em favor dos israelenses. A medida ocorre de modo a impossibilitar efetivamente o estabelecimento da cidade de Jerusalém como capital de um futuro estado palestino.

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A cláusula específica incluída na declaração israelo-emiradense, há apenas alguns dias, a princípio, pode parecer estar de acordo com os interesses da comunidade islâmica: “Muçulmanos que vão a Israel em paz têm o direito de orar na Mesquita de Al-Aqsa”.

O centro de estudos israelense, no entanto, observa que trata-se da primeira vez que o termo “Mesquita de Al-Aqsa” é utilizado em um documento internacional, ao invés de Al-Haram Al-Sharif ou Nobre Santuário (de Al-Aqsa).

Não obstante, “pela primeira vez o direito dos muçulmanos é reduzido apenas à Mesquita de Al-Aqsa”, destaca o relatório; portanto, o direito islâmico não se estende a todo o santuário. Muçulmanos, contudo, consideram todo o complexo como Mesquita de Al-Aqsa e não somente o edifício da mesquita adjacente ao muro meridional. Israelenses alegam que Al-Aqsa refere-se apenas a este edifício em particular e que tudo dentro dos muros do complexo é, na verdade, o chamado “Templo do Monte”.

A cautelosa escolha de palavras, portanto, denota uma mudança significativa por parte dos israelenses sobre a cidade de Jerusalém, com aprovação de um estado árabe, os Emirados Árabes Unidos.

A mesma cláusula determina que “outros locais sagrados permanecem abertos em Jerusalém para fiéis pacíficos de outras religiões.” Isso significa permitir a colonos judeus que realizem ritos religiosos dentro de Al-Aqsa, exceto o edifício supracitado. Como alega o estudo, trata-se de uma redefinição do status dos locais religiosos, em particular, da Mesquita de Al-Aqsa, conforme consentimento emiradense.

Há agora receios de que o acordo entre Israel e Emirados Árabes Unidos possa levar à divisão espacial de Al-Aqsa, similar às restrições impostas pela ocupação sobre a Mesquita Abraâmica (Túmulo dos Patriarcas), em Hebron, Cisjordânia. O santuário em Hebron – cidade conhecida pelos árabes como Al-Khalil – foi dividido entre judeus e muçulmanos; gradualmente, a seção restrita aos colonos judeus tornou-se maior do que a seção destinada aos fiéis muçulmanos, embora a comunidade islâmica local seja muito maior do que a comunidade judaica.

O chamado “acordo do século”, proposto pelo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, insiste que indivíduos de todas as religiões obtenham direito de orar dentro do complexo de Al-Aqsa, incluindo a Mesquita de Al-Aqsa, a Mesquita do Domo da Rocha e uma série de outros lugares dentro dos muros do antigo local sagrado. Tais requisitos restringem o direito islâmico à Mesquita de Al-Aqsa, ao invés de preservar o acesso a todo o santuário.

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