Um vídeo viralizou nas redes, em registro flagrante do momento no qual um soldado israelense ajoelha-se sobre o pescoço de um idoso palestino, ao prendê-lo durante protesto na Cisjordânia ocupada.
Khairi Hannoun, 65 anos, relatou à agência de notícias Wafa que protestava contra os planos israelenses de confiscar cerca de 800 dunums de terra (equivalente a 0.8 km²), para construir um parque industrial ilegal no território ocupado, que deverá afetar diretamente diversas aldeias palestinas no norte da Cisjordânia.
Forças palestinas locais reportaram que dezenas de manifestantes foram reprimidos pelas forças israelenses, que utilizou gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e mesmo munição real.
O ato foi organizado por forças de resistência nacional da região e pela Comissão de Resistência aos Assentamentos e ao Muro.
Jornalistas que cobriam a manifestação também foram agredidos pelos soldados israelenses e impedidos de filmar o incidente, declarou um correspondente da Wafa.
Grupos de direitos humanos palestinos e israelenses costumam denunciar a ocupação militar de Israel por utilizar força excessiva para dispersar manifestações palestinas.
Como demonstra o vídeo que viralizou nas redes sociais, o pai de cinco filhos foi imobilizado e atirado no chão. Em seguida, o soldado israelense ajoelhou-se sobre seu pescoço e costas, ao algemá-lo à força.
Israeli Soldier Kneels On Neck Of Elderly Palestinian Man
An elderly Palestinian man brutally attacked today by an Israeli soldier during a peaceful protest against the occupation on Shufa village, near Tulkarm.#Palestine #Palestinians #PalestinianLivesMatter #UAEIsrael pic.twitter.com/oA8I0LY1uY
— DOAM (@doamuslims) September 1, 2020
Usuários das redes sociais compararam o caso ao assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos – homem negro desarmado, morto por um policial que ajoelhou-se sobre seu pescoço, por oito minutos e 46 segundos, apesar dos apelos da vítima de que não podia respirar.
O caso de George Floyd despertou protestos globais contra o racismo e a violência de estado.
Hannoun, a vítima palestina, relatou à Wafa:
O que o soldado da ocupação fez comigo é o ápice da criminalidade. Ele não se importou com minha idade avançada, somente pressionou sua perna, com toda a sua força, contra minha cabeça e meu pescoço.
Prosseguiu: “Os soldados israelenses me bateram com força e um deles ajoelhou-se sobre meu pescoço por minutos. Fiquei parado para evitar mais pressão sobre a minha garganta, mas as pessoas me puxaram dali”.
Em entrevista à imprensa palestina, Hannoun também comparou seu caso com George Floyd: “Tentei resistir. Porém, em um único instante, senti que a terra estava girando e imediatamente me lembrei do que aconteceu com o americano George Floyd, morto da mesma maneira por um cruel policial branco.”
O Exército de Israel negou qualquer delito, mas alegou que poderá rever o incidente nos próximos dias, segundo o jornal Times of Israel.
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