Autoridades sauditas prenderam recentemente o sheikh Abdullah Basfar, um dos mais famosos recitadores do Alcorão em todo o mundo árabe, revelou na sexta-feira (4) a rede saudita Prisioneiros de Consciência, em sua página do Twitter.
A rede confirmou que Basfar foi preso em agosto último; contudo, sem conceder maiores detalhes sobre as condições e o local onde foi detido.
Basfar é professor associado do Departamento de Sharia e Estudos Islâmicos da Universidade Rei Abdul Aziz, em Jeddah, Arábia Saudita. O religioso saudita também é ex-secretário-geral da Organização Mundial do Alcorão e Suna (tradições islâmicas).
Os relatos sobre sua prisão são similares à detenção do sheikh Saud Al-Funaisan, em março.
Al-Funaisan é professor universitário e ex-reitor da Faculdade de Sharia (lei islâmica) da Universidade Al-Imam, em Riad, capital da Arábia Saudita.
Algumas figuras no país árabe e exterior celebraram as prisões como forma de coibir o extremismo religioso no país, com base no suposto plano de Mohammed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, para apagar a identidade religiosa nacional.
Não obstante, um grande número de cidadãos sauditas expressou indignação sobre a prisão de Basfar. Segundo informações do jornal online Rai Al Youm, um cidadão saudita declarou no Twitter: “A verdadeira elite que tanto precisamos está na prisão”.
Outro usuário das redes sociais afirmou: “Nossos clérigos estão detidos arbitrariamente, enquanto gente trivial desfruta de liberdade e espalha corrupção no país. É uma campanha óbvia para livrar-se do Islã e propagar o vício nas terras de Haramain [Meca e Medina]”.
Desde 2017, quando assumiu o poder, Mohammed Bin Salman executa uma forte repressão contra clérigos, acadêmicos e ativistas das redes sociais que possam ter uma postura crítica à seu governo e aos planos para supostamente secularizar o estado saudita.
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