Neste domingo (6), o clérigo cristão de maior hierarquia no Líbano afirmou que um novo governo deve entregar reformas econômicas urgentes, além de outras mudanças contundentes, no âmbito do interesse nacional, ao invés de adotar os caminhos corruptos do passado, que levaram o país ao colapso fiscal.
As informações são da agência Reuters. Os comentários de Al-Rai foram divulgados pela imprensa libanesa, incluindo o jornal online an-Nahar.
O Patriarca Bechara Boutros Al-Rai, líder da Igreja Maronita, possui bastante influência política ao representar a maior comunidade cristã do Líbano, país cujo poder é dividido entre os principais grupos cristãos, islâmicos e drusos.
O premiê indicado Mustapha Adib, muçulmano sunita, está conduzindo negociações com os principais partidos políticos do Líbano para compor um gabinete em meados de setembro, sob pressão do Presidente da França Emmanuel Macron. A escolha de ministros costuma durar meses.
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Macron lidera esforços internacionais para reformar o país árabe, com cerca de seis milhões de habitantes, devastado pela dívida externa e pela enorme explosão no porto da capital Beirute, em 4 de agosto, diante de sua pior crise desde a guerra civil, entre 1975 e 1990.
O patriarca maronita reivindicou a formação de um governo de emergência – “pequeno, qualificado e forte” –, durante seu sermão de domingo. Destacou que o novo gabinete não pode retornar a um passado de “clientelismo, corrupção e intolerância”.
“Tempos trágicos requerem um governo que não apresente o monopólio da agenda política, tampouco discrimine seus benefícios ou dê dominância a um único grupo. Também deve evitar percalços que perturbem seu trabalho e suas decisões” declarou Al-Rai.
Para o patriarca é preciso “negociar responsavelmente” com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Conversas com o FMI tiveram início neste ano, conduzidas pelo governo do Primeiro-Ministro Hassan Diab, que renunciou após a explosão em Beirute. Contudo, negociações foram interrompidas após uma série de impasses entre políticos e bancos, diante da escala das perdas fiscais ao sistema bancário.
A moeda libanesa entrou em queda livre e a pobreza tomou conta do país.