Uma jovem síria de dezessete anos faleceu no último sábado (5), na fronteira entre Líbano e Síria, sem poder retornar para a casa devido a uma taxa de entrada de US$100, imposta pelo regime do presidente sírio Bashar al-Assad.
Segundo oficiais da Defesa Civil do Líbano, Zainab Mohammed Al-Ibrahim desmaiou e morreu travessia de fronteira. Seu corpo foi levado ao Hospital Público Elias Hrawi, na cidade de Zahle, Líbano. A causa da morte não foi revelada.
Equipes da Defesa Civil do Líbano transferiram o corpo de Zainab Mohammed Al-Ibrahim a um hospital local, em um posto de fronteira com a Síria, na região do Bekka
Al-Ibrahim estava a caminho de casa, na Síria, mas não pôde entrar no país devido à taxa requisitada pelo regime, imposta em junho último. Outros cidadãos sírios também foram barrados na fronteira pela mesma razão.
Os Estados Unidos recentemente impuseram sanções, sob o chamado Ato Caesar, ao governo da Síria, além de indivíduos, negócios e governos ligados a Assad. A medida, contudo, agravou a crise econômica na Síria.
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A taxa abusiva, sobre a qual muitos sírios declararam indignação – tanto no país, quanto no exterior –, deve manter-se no futuro próximo.
“Nossas ordens são enviar qualquer um que não pague os US$100 pelo caminho de onde vieram, mas o lado libanês não aceita o retorno”, declarou o general Naji Al-Namir, chefe da Autoridade de Imigração e Passaportes da Síria.
Em entrevista à rede síria Ninar TV, Al-Namir reiterou que os cidadãos sírios presentes no Líbano que não tenham dinheiro para pagar o tributo têm apenas uma alternativa: “Devem ligar a amigos ou família para que lhes tragam os US$100 da transação, e então entrarem na Síria.”
A morte de Al-Ibrahim, na fronteira, ocorreu um mês depois do regime de Assad anunciar outra taxa semelhante: quem quiser deixar a Síria deve também pagar uma taxa de US$100 para partida.
Autoridades sírias justificam o custo para supostamente cobrir testes de covid-19, realizados ao sair do país.
A coleta de taxas exorbitantes cobradas em dólar não representa a única tática utilizada pelo regime de Assad para impor sanções a seus próprios cidadãos e financiar sua guerra contra a oposição. É notório o uso de atividades do mercado clandestino, como produção e exportação de drogas a gangues na Europa e no resto do mundo.
O regime de Assad também é financiado em segredo por empresários sírios no exterior, que usam companhias de fachada e contas offshore para transferir recursos a Damasco, como parte de uma vasta rede de negócios cujo centro remete ao território da Rússia.
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