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Lutador iraniano é executado apesar de protestos internacionais

Manifestantes exibem bandeiras dos grupos opositores Conselho Nacional de Resistência do Irã e Movimento Mujahedin Popular do Irã, ao lado de cartazes com o rosto cruzado do presidente iraniano Hassan Rouhani, durante protesto contra a execução de Navid Afkari, em frente à embaixada iraniana em Londres, Reino Unido, 12 de setembro de 2020 [Justin Tallis/AFP/Getty Images]
Manifestantes exibem bandeiras dos grupos opositores Conselho Nacional de Resistência do Irã e Movimento Mujahedin Popular do Irã, ao lado de cartazes com o rosto cruzado do presidente iraniano Hassan Rouhani, durante protesto contra a execução de Navid Afkari, em frente à embaixada iraniana em Londres, Reino Unido, 12 de setembro de 2020 [Justin Tallis/AFP/Getty Images]

O lutador iraniano Navid Afkari foi executado na manhã deste sábado (12), apesar de indignação internacional ao caso, por parte de grupos de direitos humanos e entidades esportivas, reportou a agência Anadolu.

Afkari (27) foi acusado de esfaquear à morte um empregado de um corpo cívico local, na cidade de Shiraz, sudoeste do Irã, durante protestos contra o governo, em 2018.

Os protestos, cujo estopim foi a crise econômica no país, rapidamente espalharam-se por todo o território, levando a confrontos violentos em algumas localidades. O governo iraniano foi acusado de brutalidade ao reprimir os protestos. Oficiais iranianos responderam ao acusar elementos estrangeiros de arquitetar as manifestações.

O incidente envolvendo Afkari, segundo relatos, ocorreu em frente à casa da vítima, em 2 de agosto de 2018. A família da vítima registrou uma queixa e Afkari foi preso com base em um registro de vídeo da emissora CCTV.

Uma corte iraniana condenou o lutador a duas penas capitais, seis anos e meio de prisão e 74 chibatadas. Seus irmãos Vahid Afkari e Habib Afkari, acusados de cúmplices no assassinato, foram condenados a 54 anos e 27 anos de prisão, respectivamente.

A sentença de morte foi executada na manhã deste sábado “após processos legais serem conduzidos na insistência dos pais e familiares da vítima”, relatou o chefe do judiciário na província de Fars, segundo a agência de notícias semi-oficial local.

O caso atraiu indignação internacional generalizada, ao reivindicar clemência ao esportista. Muitas entidades esportivas globais também emitiram apelos em favor de Afkari.

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O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Federação Iraniana de Luta-Livre tentaram obter perdão ao acusado por todos os canais disponíveis. O Presidente do COI Thomas Bach expressou “preocupações” sobre caso, mas reiterou que sua organização está “vinculada a princípio de respeito ao sistema judiciário de países soberanos”, segundo a rede CBS.

O Presidente dos Estados Unidos Donald Trump também tuitou em apoio ao lutador, ao demandar das autoridades iranianas que “poupem a vida deste rapaz, e não o executem”.

A Associação Mundial de Atletas, entidade que representa 85.000 esportistas profissionais em todo o mundo, exortou o governo do Irã a retirar as acusações contra Afkari, além de exigir inquérito sobre supostos abusos de poder.

Em 5 de setembro, Afkari concedeu uma declaração à televisão estatal, na qual confessou o crime. Entretanto, sua família alega que a confissão foi emitida sob coação. Em carta ao judiciário iraniano, a família do atleta denunciou que Afkari e seus irmão foram espancados sob custódia e solicitou exames médicos.

Na sexta-feira (11), a Anistia Internacional também emitiu uma nota, ao reportar que as confissões foram “forçadas” e “obtidas sob tortura”. A organização que monitora casos de direitos humanos em escala global exortou a comunidade internacional a “intervir urgentemente” no caso.

O judiciário iraniano, no entanto, negou as acusações de tortura, ao alegar que todos os procedimentos legais foram conduzidos de forma adequada e que o réu teve todo o direito à defesa.

Afkari era atleta júnior de luta-livre que adquiriu fama no Irã e estava prestes a representar o país em competições internacionais. O caso de homicídio, contudo, destruiu sua carreira.

Em caso separado, o ex-chefe adjunto do judiciário iraniano, Akbar Tabari, foi condenado a 31 anos de prisão também neste sábado. Suas propriedades foram confiscadas por ordem judicial.

O processo, televisionado ao vivo, teve início em junho deste ano. Tabari e 21 associados foram acusados de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.

Tabari foi demitido do cargo de alto escalão no judiciário iraniano apenas oito dias após Ebrahim Raeesi assumir como chefe de justiça do país.

Entre os supostos cúmplices de Tabari, está o ex-juiz Bijan Qasemzadeh, conhecido por ordenar o bloqueio do aplicativo de mensagens Telegram no Irã, alguns anos atrás.

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