Os traficantes de órgãos do Egito compram rins de refugiados em troca de passagem para a Europa

Uma investigação da BBC lançou luz sobre o tráfico de órgãos do Egito. Um traficante de órgãos com quem a reportagem falou disse que sua gangue consegue entre 20 a 30 transplantes ilegais por semana [Screenshot/ BBC]

Uma investigação da BBC lançou luz sobre o tráfico de órgãos do Egito.

Um traficante de órgãos com quem a reportagem falou disse que sua gangue consegue entre 20 a 30 transplantes ilegais por semana.

Hiba, uma vítima que entrevistaram, concordou em vender seu rim depois que um traficante lhe ofereceu dinheiro para pagar seu casamento.

Ela não foi paga após a cirurgia e queria ir à polícia, mas como é ilegal vender um rim no Egito, soube que também poderiam prendê-la.

Um médico disse à BBC que a remoção de um órgão pode tirar anos de vida de um indivíduo.

Uma lei de 2010 no Egito objetivava encerrar o comércio e tráfico de órgãos, mas estipulava uma multa inferior à quantia que os traficantes ou médicos poderiam ganhar com o comércio de órgãos, então as transações continuaram.

A lei foi atualizada para que, se forem realizadas operações em pessoas vivas, o médico pode ser preso por até dez anos e pode ser multado em quantias altas.

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No entanto, as operações continuam. E, por serem ilícitas, muitas vezes são feitas sem supervisão médica adequada.

De acordo com a investigação da BBC, as vítimas costumam ser recrutadas entre os cinco milhões de migrantes e refugiados egípcios que podem estar desesperados por dinheiro porque não podem trabalhar.

Muitos querem pagar as taxas exorbitantes que os traficantes cobram para fazer a viagem à Europa ou simplesmente trocam a operação pela passagem.

Muitas vezes, é prometido a eles um espaço em um barco, mas então quem intermediou o negócio desaparece e eles ficam sem nada.

De acordo com o traficante que a BBC entrevistou, todas as nacionalidades compram órgãos do Cairo porque a venda está disponível.

Ele disse que muitos hospitais públicos e privados estão envolvidos no comércio ilícito.

“Eu dou o dinheiro deles (refugiados). Outras pessoas concordam com um preço, mas nunca pagam após a cirurgia. (Acontece em) cerca de 40 por cento dos casos.” – disse o traficante.

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