O Presidente dos Estados Unidos Donald Trump celebrou o “nascimento de um novo Oriente Médio”, após assinatura dos acordos de normalização de relações econômicas, diplomáticas e culturais entre Israel e estados do Golfo árabe – isto é, Bahrein e Emirados Árabes Unidos.
Emirados e Bahrein são respectivamente o quarto e quinto países árabes a reconhecer e instituir laços diplomáticos formais com Israel, após Egito, Jordânia e Mauritânia. Este último, porém, rompeu relações com a ocupação devido à guerra sobre Gaza, em 2014.
“Após décadas de divisão e conflito, marcamos o nascimento de um novo Oriente Médio”, alegou Trump a uma multidão de apoiadores, reunidos ontem (15), na Casa Branca. “Estamos aqui, nesta tarde, para mudar o curso da história”.
Os Ministros de Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos e Bahrein estiveram presentes na cerimônia, ao lado do Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu.
O presidente americano discursou sobre como ambos os estados árabes e Israel estabelecerão embaixadas em seus respectivos territórios, além de cooperar no turismo, comércio, saúde e segurança. “Vão todos trabalhar juntos”, declarou Trump. “São amigos!”
Israel e Emirados Árabes Unidos já começaram a realizar voos comerciais entre os países, pela primeira vez na história. O Bahrein abriu seu espaço aéreo para tais voos.
O premiê israelense descreveu a assinatura do acordo como “pivô da história, uma nova manhã para a paz … Por milhares de anos, o povo judeu orou por paz. Por décadas, o estado judaico orou por paz. É por isso que hoje estamos cheios de profunda gratidão”.
O Ministro de Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos Abdullah Bin Zayed Al-Nahyan afirmou: “Hoje é verdadeiramente uma ocasião histórica. Um momento de esperança e oportunidade. Estamos já testemunhando uma mudança no coração do Oriente Médio, capaz de transmitir esperança a todo o mundo … Vivenciamos hoje uma nova corrente que criará um caminho melhor ao Oriente Médio.”
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Enquanto isso, forças israelenses bombardearam Gaza e colonos extremistas judeus invadiram o complexo de Al-Aqsa, nesta terça-feira (15).
O acordo não concede qualquer “acordo de paz” significativo ao Oriente Médio, dado que os países em questão jamais estiveram em guerra, tampouco qualquer solução às décadas de conflito entre a ocupação israelense e os palestinos, apesar das promessas de Trump e dos esforços de seu genro e conselheiro Jared Kushner.
Em janeiro, Trump anunciou um “acordo de paz” – promovido como “acordo do século” – que favorece amplamente a ocupação de Israel, ao abrir caminho para novas anexações de territórios palestinos e fechar as portas de Jerusalém. Não obstante, deste então, a proposta não conseguiu avançar de forma significativa, diante de repúdio palestino e da oposição da comunidade internacional.