Não há indícios de depósitos de armas do Hezbollah na Europa, reporta França

Presidente do Líbano Michel Aoun e Ministro de Relações Exteriores da França Jean-Yves Le Drian no Palácio Baabda, em Beirute, Líbano, 23 de julho de 2020 [Presidência do Líbano/Agência Anadolu]

Nesta sexta-feira (18), o Ministério de Relações Exteriores da França afirmou não haver evidência alguma que possa sugerir que o braço armado do grupo libanês Hezbollah armazene produtos químicos, destinados à fabricação de explosivos, em território francês.

A nota ministerial francesa é resposta a acusações de um oficial dos Estados Unidos, que alegou que o Hezbollah possuía depósitos na Europa, desde 2012.

Na quinta-feira (17), Nathan Sales, coordenador de contraterrorismo do Departamento de Estado dos Estados Unidos, acusou o grupo libanês ligado ao Irã de contrabandear e armazenar materiais químicos, incluindo nitrato de amônio, em países como Bélgica, França, Grécia, Itália, Espanha e Suíça.

“[O Hezbollah] armazena tais armas nestes locais, para que possam conduzir ataques terroristas de larga escala, no instante em que seus mestres em Teerã julguem necessário”, declarou Sales em comunicado, sem conceder detalhes ou mesma evidências.

O nitrato de amônio é um material químico industrial, frequentemente utilizado em fertilizantes e como explosivo para mineração. É considerado relativamente seguro ao ser armazenado adequadamente, sem contaminações.

Contudo, é extremamente perigoso caso contaminado, misturado com combustíveis ou armazenado de forma imprópria, como visto em 4 de agosto, quando 2.750 toneladas do produto resultaram na enorme explosão no porto de Beirute, que devastou a capital do Líbano e resultou em cerca de 200 mortos e centenas de milhares de desabrigados.

“Até onde sabemos, não há nenhuma informação tangível para confirmar tal alegação na França, hoje”, afirmou Agnes von der Muhll, porta-voz da chancelaria francesa, a repórteres locais, em resposta a Sales.

A França lidera esforços internacionais para impor reformas ao Líbano, após décadas de má gestão, que levaram à pior crise financeira desde a guerra civil, entre 1975 e 1990.

Diferentemente dos Estados Unidos, que classificam todo o movimento Hezbollah como organização terrorista, desde 1997, a França afirma que seu braço eleito possui papel político legítimo no Líbano.

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Alemanha e Reino Unido também consideram o Hezbollah como grupo terrorista, mas oficiais franceses argumentam que ostracizá-lo impossibilita efetivamente os esforços para solucionar a crise no país árabe.

Segundo Sales, os produtos químicos foram contrabandeados à Europa em kits de primeiros-socorros e são armazenados possivelmente na Espanha, Grécia e Itália.

“Qualquer atividade ilegal cometida por uma organização estrangeira em nosso território será sancionada pelas autoridades francesas com a maior firmeza”, reiterou von der Muhll.

O Líbano é uma longa história de desastre e crise [Sabaaneh / Monitor do Oriente Médio]

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