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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

O que é Kiryat Gat?

Duas israelenses fotografam o avião que parte para o primeiro vôo direto rumo aos Emirados Árabes [Getty Images]
Duas israelenses fotografam o avião que parte para o primeiro vôo direto rumo aos Emirados Árabes [Getty Images]

Na lateral do avião que partiu do Aeroporto de Lod, na Palestina, que a ocupação sionista mais tarde (1973) chamou de Aeroporto Ben Gurion em homenagem ao primeiro presidente do estado de ocupação, transportando a delegação israelense, e Jared Kushner, padrinho da normalização e genro do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, estava escrita a palavra “Kiryat Gat” e logo acima dela a palavra “paz” em três línguas: árabe, hebraico e inglês.

Kiryat Gat é o nome de uma colônia construída em 1954 sobre as ruínas das aldeias de Faluja e Iraq Al-Manshiya  . Essas cidades são consideradas as últimas que resistiram ao sionismo em 1948 antes da Nakba.

Os exércitos árabes (jordanianos, sírios, egípcios, sudaneses, iraquianos e libaneses) participaram contra as gangues Haganah e sionistas, mas foram derrotados, pois os exércitos árabes sofreram pelo planejamento inadequado em termos de tática e tiveram um grave fracasso na tomada de decisões críticas, entendendo não se tratar de uma guerra normal, mas uma guerra de guerrilha.

Os exércitos árabes retiraram-se rapidamente da guerra que durou apenas alguns dias, deixando apenas alguns membros do exército egípcio e sudanês.

A quarta brigada do exército egípcio participou desta guerra, com o primeiro, segundo e sexto batalhões, sob a liderança do Major General Al-Sayed Taha, que incluía sob seu comando Gamal Abdel Nasser, que mais tarde se tornou presidente do Egito e estava no cargo de chefe do sexto batalhão.

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A 4ª Brigada do exército egípcio foi sitiada no Iraq Al-Manshiya e Al-Faluja no meio do deserto de Negev. Depois que as gangues tinham cortado as linhas de abastecimento  e feito ataques específicos, o  número de soldados no exército egípcio e sudanês era de aproximadamente 4.000, e o número da população de Al-Faluja e do Iraq al-Manshiya era de cerca de 6.000 palestinos. A ocupação sitiou severamente o povo de Faluja e do Iraque al-Manshiyya, impedindo a entrada de alimentos e o fornecimento de armas aos dois exércitos.

Infelizmente, em dois meses, as gangues sionistas ocuparam as cidades e aldeias, e apenas duas aldeias ficaram à frente delas: Al-Faluja e Iraq Al-Manshia, após a retirada dos outros exércitos árabes.

Charge por sasapost

Charge por sasapost

Em 22 de outubro de 1948, o Conselho de Segurança decidiu um cessar fogo contra Al- Fallujah e Iraq Al-Manshiya por parte das gangues Haganah. A resposta dos residentes das duas aldeias foi que isso não era o bastante, mas que faltava comida, abastecimento e atendimento às necessidades básicas da população. Mesmo as Nações Unidas não foram capazes de trazer qualquer ajuda devido ao cerco que lhes foi imposto pelas gangues.

Quem conseguiu quebrar o cerco e trazer ajuda depois que o povo passou por uma fome real foi a Irmandade Muçulmana, liderada por Maarouf al-Hadari. O rei Farouk concordou com a participação da Irmandade Muçulmana depois que Al-Hadari lhe apresentou um plano, que era o de andar no escuro por uma estrada desconhecida para gangues de Sinai a Gaza, passando por matagais e planícies.

Maarouf al-Hadari partiu com 100 camelos junto com jovens da Irmandade nas colinas, vales e planícies até que o comandante da Quarta Brigada Egípcia, Al-Sayed Taha, foi surpreendido por eles, quando entraram pelos arredores da aldeia à meia-noite. Cinquenta camelos foram abatidos e os soldados e aldeões puderam comer após o longo cerco.

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Em 11 de novembro de 1948, o General Yigal Allon, Comandante da Frente Sul no Exército de Ocupação, pediu para se encontrar com a Hyena Negra, nome que foi dado ao Sr. Taha. Este foi com Gamal Abdel Nasser, e ele pediu que eles se rendessem, mas eles não aceitaram. O Sr. Taha se levantou e pediu a Abdel Nasser para se levantar e não se render e resistir até que as forças de ocupação fossem derrotadas e a Palestina fosse libertada.

Naquela época, Sharon era comandante de divisão no Haganah e conseguiu se infiltrar no campo e recrutar um residente de Faluja para saber a resposta à pergunta de Alon: como eles puderam resistir?

De fato, a traição aconteceu e o traidor mostrou-lhes os comboios urbanos que vieram no meio da noite. Al-Hadari e o comboio que estava com ele foram emboscados e presos em 1º de janeiro de 1949, de modo que  Iraq Al-Manshiya e Faluja ficram novamente sob cerco.

Depois disso, as duas aldeias foram atacadas pelas forças de Alon pelo sul e as forças de Sharon pelo norte e eles realizaram um ataque repentino e forte no mesmo mês. O exército egípcio e os residentes resistiram durante uma noite, matando 98 pessoas e forçando os atacantes a recuar e se retirar. A raiva dos sionistas aumentou e sua força aérea sionista realizou um forte bombardeio matando mulheres e crianças sem levar em conta a população civil. Infelizmente, foi um bombardeio aleatório e a cidade foi completamente destruída.

Em 24 de fevereiro de 1949, foi assinado um tratado entre o Egito e as forças sionistas, denominado Acordo de Armistício, na ilha de Rodes, na costa grega, com a mediação das Nações Unidas. E nela se definiu o que hoje se conhece como Linha Verde (termo utilizado para designar a linha divisória entre as terras ocupadas em 1948 e as ocupadas em 1967). Sob este acordo, a Quarta Brigada, com todo o seu equipamento, deixaria Faluja em 26 de fevereiro de 1949, para que o Major General Sayed Taha e seus soldados voltassem ao Egito e fossem recebidos em 10 de março de 1949, com uma recepção condizente com eles e seu heroísmo.

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No mesmo mês, os sionistas e suas gangues atacaram as cidades de Faluja e Iraq al-Manshiya e demoliram as casas e mesquitas sobre seus residentes e, em um período muito curto de tempo, aquela cidade que era o último reduto da resistência contra Nakba havia desaparecido completamente,  no lugar que mais tarde se tornou Kiryat Gat.

O plano pérfido de normalização dos Emirados Árabes Unidos com Israel - Cartoon [Sabaaneh/ Monitor do Oriente Mèdio]

O plano pérfido de normalização dos Emirados Árabes Unidos com Israel – Cartoon [Sabaaneh/ Monitor do Oriente Mèdio]

Kiryat Gat é a cidade industrial hoje no Estado Ocupante, e seu nome foi escrito no avião que foi aos Emirados em agosto passado.

O elo entre escrever Kiryat Gat e o avião cujos passageiros pousaram na Península Arábica, é o recado para que vocês árabes, não se esqueçam: se vocês querem paz em troca de paz, vocês terão paz depois de pagar bilhões com seu dinheiro! E se vocês quiserem de outra forma, vocês têm uma lição e uma lembrança em Kiryat Gat. Nós queimamos a terra e aqueles que estavam nela, incluindo crianças, mulheres, jovens e casas, e ninguém vos defendeu em 1948, o que significa que se vocês esqueceram, nós vos lembraremos de Kiryat Gat e seu longo cerco.

O Boeing 737-900 equipado com sistemas anti-mísseis para proteger seus ocupantes, escolhendo o vôo de partida número 971, que é o código internacional dos Emirados, e o vôo de retorno número 972, que é o símbolo internacional da Palestina ocupada, e com o itinerário que passa sobre a Península Arábica, tudo isso não foi uma coincidência, mas algo planejado pelas forças da ocupação sionista.

Os Emirados Árabes Unidos normalizaram suas relações com Israel em 13 de agosto, e Bahrein seguiu o exemplo em 12 de setembro, contrariando o consenso árabe.

Dias atrás, o uso do nome Kiryat Gat foi um insulto, uma rendição e renuncia aos direitos do povo palestino pelos Emirados Árabes Unidos. Qual será o próximo insulto na visita ao Bahrein pelos líderes da ocupação sionista, ou na visita aos países que Trump prometeu manterem relações com Israel?

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As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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