Protestos irromperam em todo o Egito contra o governo do general Abdel Fattah el-Sisi.
Em Suez, Kafr El Dawwar (cidade no Delta do Nilo), Cairo, Alexandria e Aswan, os manifestantes exigiram a renúncia de Sisi.
Após o ataque das forças de segurança aos manifestantes, a residência presidencial em Aswan, Alto Egito, foi incendiada. Um vídeo em outro protesto mostra um carro da polícia recuando depois de tornar-se alvo das pedras de manifestantes.
Footage is flowing in from across #Egypt of protests taking place. All against the rule of president @AlsisiOfficial
I’ve noted down at least 16 different protest sites in different governorates
— Jamal Elshayyal جمال الدين الشيال (@JamalsNews) September 20, 2020
Vídeos de protestos no Egito, contra o regime de Sisi, viralizaram nas redes sociais
Em Al-Qanater, província de Qalyubia, egícios marcharam por ruas estreitas para impedir que fossem atacados pelas forças de segurança ou por beltagayya (sicários contratados pelo governo).
No vilarejo de Kadiya, na província de Gizé, manifestantes derrubaram um caminhão da polícia, indignados com a demolição de prédios do governo.
Os levantes ocorrem apesar das forças de segurança egípcias terem sido implantadas em várias áreas de cidades por todo o país, incluindo na Praça Tahrir e na região de Suez; postos de controle militares foram instalados também em cruzamentos e rodovias.
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Vários cafés foram fechados, principalmente na capital Cairo, como medida preventiva.
Os protestos são resposta aos apelos feitos pelo empresário egípcio Mohamed Ali, para que as pessoas tomassem as ruas a partir de 20 de setembro.
Sob a hashtag em árabe “Saia em 20 de setembro”, que viralizou no Twitter, em território egípcio, Ali pediu que aos cidadãos egípcios que se unissem contra a opressão e a injustiça para salvar o país.
Em 2019, Ali lançou uma série de vídeos acusando o regime de Sisi e sua família de corrupção e desperdício de recursos públicos, enquanto o povo egípcio tornava cada vez mais pobre.
Sob o governo atual, a economia egípcia continuou a se deteriorar e os abusos dos direitos humanos aumentaram, agravados pela crise do coronavírus no país, mal administrada pelas autoridades nacionais.
Milhares de casas foram demolidas após o governo alegar que requisitos de construção teriam sido violados.
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Há também uma indignação generalizada com a abordagem do governo egípcio em relação à Líbia e com as negociações da Barragem do Renascimento, da Etiópia.
Em resposta a protestos no ano passado, ao menos quatro mil pessoas foram presas e muitas detidas por acusações infundadas de “terrorismo”, na maior repressão a manifestações desde que Sisi chegou ao poder, via golpe de estado, em 2013.
Na tentativa de conter as manifestações deste ano, a publicação estatal Egypt Independent publicou a manchete “Você não está sozinho”, em apoio a Sisi.