O Emir do Catar Tamim Bin Hamad Al-Thani criticou duramente a comunidade internacional na 75ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, realizada ontem (22), pela falta de “ações efetivas para enfrentar a intransigência israelense e sua contínua ocupação de terras árabes e palestinas.”
Em discurso por videoconferência, o líder catariano afirmou que países e organizações internacionais fracassam na preservação de resoluções da ONU, diante da ocupação israelense em curso sobre os territórios palestinos, além da expansão colonial e construção de assentamentos considerados ilegais pela lei internacional.
“[Israel] é culpado de flagrante violação das resoluções internacionais e da solução de dois estados, conforme acordado pela comunidade internacional”, declarou Tamim. “A paz só poderá ser conquistada quando Israel comprometer-se plenamente aos termos internacionais de referência e às resoluções, aceitas pelos países árabes, sobre as quais se baseia a Iniciativa de Paz Árabe.”
Sob a Iniciativa de Paz Árabe, de 2002, os países árabes declararam que a normalização com Israel é condicional ao estabelecimento de um estado palestino independente, conforme fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como capital, além de solução justa aos refugiados palestinos e fim da ocupação.
O emir catariano exortou ainda a comunidade internacional – particularmente, o Conselho de Segurança da ONU – a cumprir suas responsabilidades legais e “pressionar Israel para que suspenda o cerco a Gaza e restabeleça o processo de paz, via negociações críveis, com base nas resoluções internacionais e não na força.”
Seu apelo por ações urgentes ocorre somente uma semana após Emirados Árabes Unidos e Bahrein assinarem acordos de normalização com Israel, na Casa Branca.
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Na última semana, um porta voz do Ministério de Relações Exteriores do Catar descartou normalizar laços com o estado sionista, ao argumentar que esta não é a resposta correta para o conflito israelo-palestino.
O governo emiradense alega que o acordo foi um esforço para conter os planos israelenses de anexação ilegal de grandes partes da Cisjordânia ocupada.
Críticos, no entanto, argumentam que as negociações para instituir laços com a entidade sionista ocorrem há anos, ao destacar reiteradas visitas de oficiais israelenses aos Emirados e sua participação em conferências no país do Golfo, que até então não possuía laços diplomáticos com o estado da ocupação.
Não obstante, o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu negou reiteradamente que a anexação esteja descartada, mas sim postergada, por ora.