Políticos do Líbano perderam o prazo para compor um novo governo, na segunda-feira (20), conforme proposto ao Presidente da França Emmanuel Macron, durante visita a Beirute, após a enorme explosão do início de agosto.
Contudo, fontes diplomáticas relataram à Reuters que a França ainda pressiona políticos libaneses a constituir um novo gabinete em “prazo razoável”, a fim de ajudar o Líbano a superar sua pior crise desde a guerra civil, entre 1975 e 1990.
Ainda na segunda-feira, o Presidente do Líbano Michel Aoun relatou a líderes partidários que o país está “a caminho do inferno”, caso um novo governo não seja formado rapidamente. Não obstante, políticos sectários do país mantêm o impasse para selecionar ministros capazes de encorajar reformas políticas e econômicas.
Políticos libaneses prometeram a Macron compor um novo gabinete dentro de quinze dias, ao acelerar um processo que costuma durar meses. O prazo expirou.
Emoções no Líbano voltaram a se abalar nesta terça-feira (22), após uma explosão no sul do país. Fontes de segurança alegaram que o incidente ocorreu em um depósito de armas do grupo xiita Hezbollah, bastante ativo na vida política libanesa.
Negociações políticas atingiram um impasse após o Hezbollah e seu aliado xiita, o Movimento Amal, exigirem em nomear diversos ministros, incluindo o responsável pela agenda financeira. Segundo as fontes, Paris reluta em estabelecer um novo prazo, ao conceder tempo para que o novo gabinete esteja preparado para instituir reformas.
“A França está os deixando ir adiante, em prazo razoável”, reportou a fonte à Reuters.
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O governo francês alega prontidão para realizar uma conferência internacional na segunda metade de outubro, a fim de assegurar recursos de doadores, que demandam reformas antes de cumprir com as concessões. Paris esboçou um roteiro para que um novo governo trate da corrupção no país árabe e reconstrua sua economia.
Entretanto, não há qualquer sugestão de que o premiê em exercício Mustapha Adib, representante sunita conforme o sistema sectário libanês, esteja sequer perto de indicar um gabinete de governo.
Uma fonte política xiita relatou que o Hezbollah e o Movimento Amal insistem em escolher o Ministro das Finanças ou não participarão do governo, o que significa que grande parte das decisões políticas serão provavelmente obstruídas no parlamento.
“Todos aguardam”, afirmou outra fonte próxima ao processo. “Ainda não acho que a iniciativa francesa esteja morta”.