O ex-Primeiro-Ministro do Reino Unido Tony Blair afirmou em entrevista ao jornal israelense The Jerusalem Post que o estabelecimento de laços diplomáticos entre Israel e países árabes poderá levar a uma solução à causa palestina.
Blair criticou as tentativas de décadas de, primeiramente, conquistar a paz entre Israel e Palestina, para somente então instituir a normalização entre os estados, como materializado por acordos recentes com a ocupação.
Blair esteve entre os convidados presentes na Casa Branca na última semana, em cerimônia de assinatura dos acordos de normalização entre Israel, por um lado, e Emirados Árabes Unidos e Bahrein, por outro.
“A fundação da abordagem sobre a região, de que israelenses e palestinos devem negociar a paz e apenas então o resto dos países os acompanha, é o exato oposto do que deveria ocorrer”, alegou o ex-premiê britânico. “Na verdade, é preciso criar paz entre Israel e países árabes e então incluir a questão palestina neste processo de paz”.
Blair, indicado como enviado especial do Quarteto – grupo de países e entidades supranacionais envolvido na mediação do conflito israelo-palestino –, parece ter desistido de qualquer esperança de estabelecer um estado palestino, conforme avança a anexação ilegal israelense sobre terras ocupadas.
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O ex-premiê foi fundamental ao “acordo de paz” entre Israel e Emirados, via operações secretas ao longo dos anos.
O jornal Israel Hayom reportou Blair como mediador entre as partes, em sucessivas viagens de Londres a Abu Dhabi e Nicósia (Chipre), para encontrar-se com o advogado Yitzhak Molcho, ex-enviado especial do Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu para negociações sobre a questão palestina. Reuniu-se também com ministros de governo emiradenses.
“Temos de tentar trazer adiante uma geração de políticos palestinos que compreendam que a única forma de obter um estado palestino é através de compreensão profunda e genuína entre povos e culturas, não apenas negociação sobre territórios”, alegou Blair.
Para Blair, o papel de Israel neste processo é atenuar a pressão econômica sobre os palestinos. “No fim das contas, penso que é a melhor maneira de resolver a questão palestina de forma justa e razoável”, concluiu o ex-premiê.