Kamel Jendoubi, chefe do Grupo de Especialistas Independentes Regionais e Internacionais sobre o Iêmen, submeteu um terceiro relatório sobre as violações no país ao Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (UNHRC), nesta quarta-feira (30), segundo a rede de notícias Yemen Shabab.
O relatório foi preparado por uma equipe de experts incumbidos pela agência da ONU de documentar violações de direitos humanos ao longo da guerra no Iêmen.
Segundo o documento, o governo iemenita, rebeldes houthis, o Conselho de Transição do Sul, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, todos cometeram crimes e abusos flagrantes que representam crime de guerra, segundo a lei internacional. Destacou o relatório: “Não há mãos limpas no Iêmen”.
Jendoubi declarou ao UNHRC: “Nossos investigadores confirmaram níveis agravantes de perigosas violações da lei internacional e da lei humanitária internacional. Algumas das quais chegam ao ponto de crimes de guerra.”
A equipe, segundo Jendoubi, demonstra receios de que os responsáveis por cometer tais crimes escapem impunemente, apesar de certo progresso alcançado por algumas entidades internacionais, no sentido de investigar crimes e levá-los aos tribunais.
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Jendoubi, entretanto, reiterou que ninguém conduziu interrogatórios ou entrevistas sobre os crimes cometidos. “Obter relatos é um elemento básico para garantir justiça ao povo do Iêmen”, destacou.
No documento publicado em setembro, sob o título “Iêmen: Pandemia de impunidade em uma terra sob tortura”, a equipe concluiu que as partes em conflito continuam a cometer graves violações da lei humanitária internacional.
Os especialistas da ONU enfatizaram que a comunidade internacional “pode e deve” fazer mais para “ajudar a preencher a lacuna de responsabilidade”, em referência aos crimes cometidos no Iêmen.
A equipe concedeu então uma série de recomendações concretas às partes em confronto, além de estados envolvidos direta ou indiretamente e agências da ONU, incluindo o Conselho de Segurança e o Conselho de Direitos Humanos, a fim de combater abusos e impunidade.