A execução de 23 presos no Egito, dos quais quinze eram prisioneiros políticos, ao longo do fim de semana, incitou condenação online.
Por anos, grupos de direitos humanos denunciam o sistema judiciário do Egito, que submete sentenças de morte em julgamentos de massa com pouca ou nenhuma evidência. Frequentemente, os presos são torturados para coagir confissões.
Dentre os prisioneiros políticos executados no fim de semana, treze estavam no bloco H1 da infame Prisão do Escorpião (Tora), onde, no fim de setembro, quatro detentos e três policiais morreram em incidente contestado.
Na ocasião, o Ministério do Interior do Egito anunciou que os presos tentavam escapar, mas ativistas de direitos humanos levantaram dúvidas sobre a verossimilhança do relato, dado que Tora é um dos centros de detenção mais fortificados do país.
O fato dos treze detidos terem testemunhado o incidente despertou temores sobre a rapidez da implementação da pena capital, em particular, dado que a lei egípcia determina que réus de um mesmo caso, no corredor da morte, sejam executados juntos.
Os treze prisioneiros do bloco H1 representavam dois grupos: dez réus entre treze de um mesmo caso; e três réus entre vinte de um mesmo caso. O restante em ambos os processos ainda aguarda efetivação da pena.
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Os eventos que ocorreram durante a suposta “rebelião” ainda não são claros, pois órgãos de direitos humanos e monitoramento não têm acesso aos prisioneiros remanescentes no restrito bloco H1, com pouco ou nenhum contato externo.
Embora os treze réus tenham exaurido todas as formas de recurso contra a pena capital, especula-se que os enforcamentos possivelmente foram acelerados pelo testemunho do incidente em Tora, a fim de enviar um alerta de silêncio aos outros detidos.
Dos quinze prisioneiros políticos executados, ao menos dois eram membros da Irmandade Muçulmana – Yasser Al-Abasir (49) e Yasser Shukr (45).
Al-Abasir e Shukr foram detidos por participar de protestos contra o golpe de estado que levou o general Abdel Fattah el-Sisi ao poder e depôs Mohamed Morsi, primeiro presidente eleito democraticamente no Egito, em 2013.
O caso ficou conhecido como “Biblioteca de Alexandria”, em referência ao local dos protestos.
O Egito costuma conduzir execuções em massa contra seus prisioneiros. Em fevereiro, oito presos foram executados após brutal tortura, com o intuito de obter falsas confissões.