Três proeminentes ongs humanitárias submeteram uma queixa criminal a cortes na Alemanha sobre os ataques de gás sarin na Síria, considerado marco jurídico que representa um primeiro passo na longa estrada para responsabilizar o regime de Bashar al-Assad por seus crimes.
A organização Justice Initiative, o Centro Sírio de Mídia e Liberdade de Expressão e o Arquivo Sírio enviaram um vasto dossiê de evidências ao promotor público federal de Karlsruhe, Alemanha, em nome das vítimas.
A investigação conjunta de dois anos concentra-se nos dois piores ataques com armas químicas executados contra civis, durante os quase dez anos de guerra civil na Síria: o uso de gás sarin em Ghouta, subúrbio de Damasco, em 2013, com 1.500 mortos; e na aldeia de Khan Sheikhun, em 2017, que resultou em cerca de cem mortos.
Em abril, refugiados sírios ficaram frente a frente com seus torturadores, em outro caso considerado marco legal para indiciar e julgar os oficiais responsáveis por crimes de lesa-humanidade, ao longo do conflito.
Em agosto de 2013, um fotógrafo da polícia militar síria, sob codinome Caesar, contrabandeou 53.275 imagens para fora do país e denunciou ao mundo os crimes cometidos pelo regime de Assad, além de permitir que familiares identificassem seus entes queridos.
Em 2015, a organização Human Rights Watch (HRW) recebeu as imagens do Movimento Nacional da Síria, grupo político de oposição ao governo de Assad, que obteve os registros de Caesar. As entidades enfatizam que as fotografias são evidência clara dos crimes de lesa-humanidade cometidos pelo governo da Síria.
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