Sobreviventes do massacre de Sabra e Chatila, em 1982, no Líbano, reuniram-se online para condenar a plataforma de videoconferências Zoom por cancelar um evento que incluía Leila Khaled, proeminente figura da resistência palestina, em setembro último.
Nota divulgada para marcar o Dia dos Povos Nativos (12 de outubro) enfatizou: “Nós, signatários, estamos perplexos e indignados pelo cancelamento abrupto da aula aberta online ‘Narrativas de quem? Gênero, Justiça e Resistência’, pelo Zoom, Facebook e YouTube”.
Prosseguiu: “Estamos plenamente cientes das pressões políticas impostas sobre as gigantes de mídia e a universidade para objetar a presença de um dos convidados, a Sra. Leila Khaled, presa por seu papel no sequestro do voo TWA 840, em 1969, e um dos quatro sequestros simultâneos do Campo de Dawson, no ano seguinte”.
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“Leila Khaled é um ícone do feminismo e da libertação”, reiterou a nota. “Jamais matou ninguém – nem mesmo durante os sequestros. Seu pedido foi para que o piloto sobrevoasse Haifa, para que pudesse ver o lugar onde nasceu, ao qual jamais pôde retornar desde a expulsão de sua família, junto de quase 750.000 palestinos. Como refugiada, seu desejo profundo era ver seu lar ancestral”.
Entre os signatários, está a médica e autora Ang Swee Chai, cofundadora da organização humanitária Medical Aid for Palestinians (MAP), que também vivenciou o ataque brutal israelense contra a chamada Flotilha da Liberdade, frota humanitária com destino à Faixa de Gaza, em 2018.
“Tampouco o Zoom ou a Universidade do Estado de San Francisco devem ter permissão para impedir que as vozes de povos gravemente oprimidos sejam ouvidas. Impedir a liberdade de expressão é um crime perante a justiça”, acrescentou a carta de repúdio.
Concluiu: “Exigimos que o Zoom reverta sua censura sobre o seminário online assim que possível, para não expropriar das pessoas em todo o mundo o direito de ouvir as vozes de tais ícones por liberdade, justiça e igualdade”.
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