A Arábia Saudita falhou em sua tentativa de obter uma cadeira no Conselho de Direitos Humanos da ONU para o próximo mandato de três anos. Contudo, China e Rússia foram eleitas ao corpo humanitário, com sede em Genebra.
Outros países eleitos ao conselho de 47 membros, em votação secreta conduzida nesta terça-feira (13), na sede da ONU em Nova Iorque, incluem: Costa do Marfim, Gabão, Malauí, Cuba, Bolívia, Uzbequistão, França e Grã-Bretanha.
Senegal, Nepal, Paquistão, Ucrânia e México foram reeleitos para um segundo mandato de três anos. Membros do conselho podem servir somente dois mandatos consecutivos.
O resultado é visto como golpe considerável a Muhammad Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, e seus esforços para melhorar a imagem do reino, após o brutal assassinato do jornalista dissidente Jamal Khasoggi, em Istambul, Turquia, em 2018.
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Na votação de 2016, para servir ao conselho da ONU entre 2017 e 2019, a Arábia Saudita recebeu 152 votos, angariando a vaga. Porém, desta vez, recebeu apenas 90 votos.
Louis Charbonneau, diretor das Nações Unidas ao Human Rights Watch, comentou sobre a derrota saudita, ao descrevê-la como “lembrança bem-vinda da necessidade de maior competição nas eleições da ONU. Caso houvesse outros candidatos, China, Rússia e Cuba também poderiam perder.”
Ativistas de direitos humanos também se opuseram à eleição de Rússia e China no conselho.
Em referência a Pequim, a ong UN Watch afirmou: “É logicamente absurdo e moralmente obsceno que a ONU eleja a seu maior corpo de direitos humanos um regime que aglomerou um milhão de uigures em campos e esmagou qualquer um que tentasse alertar o mundo sobre o coronavírus”.
Às vésperas da votação, a organização internacional Human Rights Watch exortou os membros da Assembleia Geral a não votar em favor da China e Arábia Saudita, “dois dos governos mais abusivos do mundo”, além de mencionar a Rússia por crimes de guerra na Síria, ao considerá-la, portanto, “outro candidato altamente problemático”.
Ainda ontem, o Secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo alegou: “A eleição de China, Rússia e Cuba ao Conselho de Direitos Humanos da ONU valida a decisão dos Estados Unidos de retirar-se do conselho em 2018, ao utilizar outros meios para proteger e promover os direitos humanos universais.”
Sob o governo de Donald Trump, os Estados Unidos retiraram-se do conselho após comentários da então embaixadora na ONU Nikki Haley descrevendo o corpo humanitário como “protetor de abusadores de direitos humanos e fossa de enviesamento político”.
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