Mohammed Asad, fotográfo do Monitor do Oriente Médio (MEMO) na Faixa de Gaza, começou a documentar a vida marinha na costa do território palestino sitiado. Segundo Asad, trata-se do primeiro fotógrafo e cinegrafista palestino a produzir tais imagens debaixo d’água.
Embora os palestinos de Gaza vivam no litoral do Mar Mediterrâneo, relata Asad, pouco sabem sobre a vida marinha ou as formações rochosas da região. Tais dados incluem os tipos de peixes e suas aparições sazonais, além de outras criaturas marinhas.
Asad é fotojornalista há 12 anos e ganhou diversos prêmios internacionais, como a competição Espírito da Humanidade, organizada pelo Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (OCHA), no Oriente Médio e Norte da África, utilizando uma câmera GoPro 4.
“Era algo bem raro na Faixa de Gaza e treinei ao filmar viagens a nado. Minha situação melhorou, comprei um equipamento simples e comecei a mergulhar. Isso levou a uma melhora de qualidade. Então comecei a gravar imagens para alguns filmes e reportagens”, conta Asad.
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O equipamento resume-se a pés de pato, roupa e óculos de mergulho e uma pequena câmera GoPro utilizada para filmar planos debaixo d’água.
“Assim, terminei meu filme Amputated Fins, no ano passado, que penso ser o primeiro documentário submarino de Gaza e foi transmitido por algumas emissoras árabes por satélite”, relata o fotógrafo.
Asad criou um canal de exploração e conteúdo científico no YouTube, no qual fala sobre o mar e o meio ambiente, concedendo informações amplamente desconhecidas pelos residentes costeiros, absortos pelo brutal bloqueio israelense e esforços diários de sobrevivência.
O canal Diving Adventura inclui conteúdos de ciência e exploração da vida marinha local. Os episódios tratam de diferentes criaturas, como ostras, polvos e águas-vivas. Há também episódios sobre gastronomia e frutos do mar.
“Enfrento muitos desafios e dificuldades, pois Israel não permite que qualquer equipamento de mergulho, mesmo o mais básico, entre em Gaza”, explica Asad. “Filmagens subaquáticas requerem câmeras grandes à prova-d’água e tanques de oxigênio, que não tenho acesso”.
Além disso, há o problema do esgoto não tratado que polui os mares locais, devido à destruição das redes de tratamento de saneamento da Faixa de Gaza pelos sucessivos ataques militares de Israel.
“A água fica turva e tento filmar no último trimestre do ano, quando correntes do norte trazem água limpa e acalmam o mar. O lado ruim é que não posso ficar tempo demais nas águas frias, porque trajes de mergulho mais grossos também não estão à disposição”.