Os Estados Unidos removerão o Sudão da lista de Estados Patrocinadores do Terrorismo, após o país concordar em pagar US$335 milhões em indenização a vítimas dos ataques da Al-Qaeda a embaixadas americanas, em 1998.
O Presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciou a decisão ontem (19) em seu Twitter, após uma fonte do governo sudanês declarar que o país norte-africano está pronto para efetuar o pagamento.
Escreveu Trump: “Grandes notícias! O novo governo do Sudão, que está fazendo grande progresso, concordou em pagar US$335 milhões a famílias e vítimas americanas de ataques terroristas. Uma vez depositado, retirarei o Sudão da lista de Estados Patrocinadores do Terrorismo. Enfim, justiça ao povo americano e um grande passo ao Sudão!”
GREAT news! New government of Sudan, which is making great progress, agreed to pay $335 MILLION to U.S. terror victims and families. Once deposited, I will lift Sudan from the State Sponsors of Terrorism list. At long last, JUSTICE for the American people and BIG step for Sudan!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) October 19, 2020
“Grandes notícias!”, alegou Trump ao anunciar suspensão de sanções ao Sudão, em troca de indenização
Em resposta, o Primeiro-Ministro do Sudão Abdalla Hamdok tuitou: “Muito obrigado, Presidente Trump! Esperamos com muito entusiasmo sua notificação oficial ao Congresso, revogando a designação do Sudão como estado promotor do terrorismo, o que custou tanto ao nosso país”.
الشكرُ الجزيل للرئيس ترمب على تطلعه إلى إلغاء تصنيف السودان كدولة راعية للإرهاب، وهو تصنيف كلف السودان وأضر به ضرراً بالغاً. إننا نتطلع كثيراً إلى إخطاره الرسمي للكونغرس بذلك. https://t.co/GeScTPfb0k
— Abdalla Hamdok (@SudanPMHamdok) October 19, 2020
Premiê do Sudão Abdalla Hamdok agradeceu Trump, após consentir com pagamento aos Estados Unidos
Prosseguiu Hamdok: “Esta mensagem e a notificação serão o maior apoio ao povo sudanês e à transição do Sudão à democracia … Estamos prestes a nos livrar do pior fardo do extinto regime do Sudão. Reitero que somos um povo amante da paz e jamais apoiamos o terrorismo”.
A designação do Sudão como patrocinador do terrorismo data do governo deposto de Omar Al-Bashir e resultou em dificuldades recentes para que o governo de transição tenham acesso a recursos estrangeiros e atenuação das dívidas, tão urgentemente necessários.
Muitos sudaneses consideram as sanções injustas, após a queda de Bashir, por intervenção militar em resposta a manifestações populares. Desde então, o Sudão demonstrou cooperação com os Estados Unidos em esforços de contraterrorismo.
Um ponto crítico nas conversas entre as partes é a insistência sudanesa de que qualquer anúncio da retirada do Sudão da lista de sanções não seja explicitamente ligada a um eventual acordo de normalização com Israel.
Há ainda divergências entre a sociedade civil, representantes políticos e oficiais militares sobre a dimensão e a velocidade de uma aproximação com o estado sionista.
Em setembro, segundo a Reuters, Hamdok afirmou ao Secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo que as questões não serão vinculadas e que construir laços com Israel “demanda maior discussão” com a sociedade sudanesa.
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