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Estados Unidos concordam em retirar o Sudão da lista de estados terroristas

20 de outubro de 2020, às 14h03

Presidente dos Estados Unidos Donald Trump encontra-se com o representante da presidência sudanesa em Riad, Arábia Saudita, 21 de maio de 2017

Os Estados Unidos removerão o Sudão da lista de Estados Patrocinadores do Terrorismo, após o país concordar em pagar US$335 milhões em indenização a vítimas dos ataques da Al-Qaeda a embaixadas americanas, em 1998.

O Presidente dos Estados Unidos Donald Trump anunciou a decisão ontem (19) em seu Twitter, após uma fonte do governo sudanês declarar que o país norte-africano está pronto para efetuar o pagamento.

Escreveu Trump: “Grandes notícias! O novo governo do Sudão, que está fazendo grande progresso, concordou em pagar US$335 milhões a famílias e vítimas americanas de ataques terroristas. Uma vez depositado, retirarei o Sudão da lista de Estados Patrocinadores do Terrorismo. Enfim, justiça ao povo americano e um grande passo ao Sudão!”

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“Grandes notícias!”, alegou Trump ao anunciar suspensão de sanções ao Sudão, em troca de indenização

Em resposta, o Primeiro-Ministro do Sudão Abdalla Hamdok tuitou: “Muito obrigado, Presidente Trump! Esperamos com muito entusiasmo sua notificação oficial ao Congresso, revogando a designação do Sudão como estado promotor do terrorismo, o que custou tanto ao nosso país”.

https://twitter.com/SudanPMHamdok/status/1318257284003319810?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1318257284003319810%7Ctwgr%5Eshare_3%2Ccontainerclick_1&ref_url=https%3A%2F%2Fwww.middleeastmonitor.com%2F20201020-us-to-remove-sudan-from-terrorism-blacklist%2F

Premiê do Sudão Abdalla Hamdok agradeceu Trump, após consentir com pagamento aos Estados Unidos

Prosseguiu Hamdok: “Esta mensagem e a notificação serão o maior apoio ao povo sudanês e à transição do Sudão à democracia … Estamos prestes a nos livrar do pior fardo do extinto regime do Sudão. Reitero que somos um povo amante da paz e jamais apoiamos o terrorismo”.

A designação do Sudão como patrocinador do terrorismo data do governo deposto de Omar Al-Bashir e resultou em dificuldades recentes para que o governo de transição tenham acesso a recursos estrangeiros e atenuação das dívidas, tão urgentemente necessários.

Muitos sudaneses consideram as sanções injustas, após a queda de Bashir, por intervenção militar em resposta a manifestações populares. Desde então, o Sudão demonstrou cooperação com os Estados Unidos em esforços de contraterrorismo.

Um ponto crítico nas conversas entre as partes é a insistência sudanesa de que qualquer anúncio da retirada do Sudão da lista de sanções não seja explicitamente ligada a um eventual acordo de normalização com Israel.

Há ainda divergências entre a sociedade civil, representantes políticos e oficiais militares sobre a dimensão e a velocidade de uma aproximação com o estado sionista.

Em setembro, segundo a Reuters, Hamdok afirmou ao Secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo que as questões não serão vinculadas e que construir laços com Israel “demanda maior discussão” com a sociedade sudanesa.

LEIA: Abuso sistemático em escolas islâmicas do Sudão é revelado pela BBC