A pequena nação insular do Bahrein, no Golfo Árabe, é lar de um dos cemitérios mais antigos do mundo, datado de 4.000 anos atrás, da civilização Dilmun.
Dilmun representa uma das civilizações mercantis mais antigas da humanidade, situada na região oriental da Península Árabe, e ocupa um lugar significativo na mitologia da Mesopotâmia, como no Épico de Gilgamesh, considerado a primeira grande obra da literatura.
Acredita-se que Dilmun fora a residência da figura mitológica de Utnapishtim, a quem Gilgamesh busca para obter o segredo da imortalidade. Dilmun também é mencionada na saga de Enki e Ninhursag, representada como um paraíso terreno e terra de purezas.
Em Dilmun, o corvo ainda não grasna, o perdiz não queixa-se. O leão não mata, o lobo não rouba os cordeiros, o cão não foi ensinado a assustar as crianças e o porco não aprendeu que o grão deve ser devorado.
Devido à sua posição estratégica no Golfo, Dilmun desenvolveu-se como ponte mercantil entre o Oriente Médio e o Sul da Ásia, o que concedeu à região, na época, grande proeminência econômica, crescimento populacional e desenvolvimento social diverso e sofisticado.
Os túmulos de Dilmun representam o terceiro Patrimônio Mundial do Reino do Bahrein, determinado como tal em 2019, e compreendem cerca de 170.000 montículos sepulcrais antigos, construídos originalmente como pequenas torres cilíndricas, ao longo de 450 anos, entre 2.200 e 1.750 a.C.
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Os monumentos pré-históricos refletem a tradição funerária e a arquitetura da cultura Dilmun.
Embora não sejam tão esteticamente impressionantes como muitos dos arranha-céus barenitas ou outros locais antigos, como o Qal’at Al-Bahrein (Forte Português do Bahrein) ou Forte de Rifa, o número e a escala de tais sepulturas concede ao reino uma paisagem como nenhuma outra, vista única de um dos mais prevalecentes patrimônios culturais da humanidade.
Os montículos espalham-se por uma área de 30 km² no território continental do Bahrein, equivalente a 5% de sua área total, e variam em tamanho.
Os montes maiores e mais antigos são os Túmulos Reais, construídos como torres sepulcrais de dois andares, de até 15 metros de altura por 45 metros de diâmetro. Tais túmulos são caracterizados por câmaras funerárias elaboradas, preenchidas com artefatos e itens de valor, em contraste com outros montículos quase completamente vazios.
O local está sob constante ameaça imposta por pressões para o desenvolvimento residencial e de infraestrutura no Bahrein, em particular, dado o pequeno tamanho da nação insular e alta densidade demográfica. Muitos dos túmulos milenares de fato foram demolidos para dar caminho a novas estradas e imóveis residenciais.
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