Diversos grupos comerciais árabes anunciaram boicote a produtos franceses em resposta a supostos atos e declarações de incitação contra a fé islâmica e o Profeta Muhammad, reportou a agência Anadolu.
Ativistas árabes lançaram ainda uma série de campanhas nas redes sociais por boicotes a todos os produtos franceses, sob hashtags como “Boicote a França”, “Boicote a produtos da França” e “Profeta Muhammad”.
No Kuwait, a Sociedade Cooperativa Alnaeem, grande rede de supermercados no estado do Golfo, declarou que removerá todos os produtos franceses das prateleiras, em protesto às declarações ofensivas da imprensa e representantes políticos da França.
Medida similar foi tomada por diversos grupos comerciais, como Associação Tarde do Subúrbio, Sociedade Cooperativa Eqaila e Sociedade Cooperativa Urbana Saad Al Abdallah. As três organizações publicaram fotos de produtos franceses sendo retirados das prateleiras.
No Catar, a Companhia Diária Alwajba e a Companhia de Bens de Consumo Almeera anunciaram boicote a produtos originários da França, ao substituí-los por alternativas.
A Universidade do Catar juntou-se ao boicote, ao informar a decisão de postergar a Semana Cultural Francesa, em protesto aos comentários considerados ofensivos ao Islã.
“Qualquer degradação ou violação das crenças, santuários e símbolos islâmicos são absolutamente repudiadas”, afirmou a universidade, em nota. “Tais insultos ferem os valores humanos universais e os altos princípios éticos de todas as sociedades”, prosseguiu, em sua página do Twitter.
Nas últimas semanas, o Presidente da França Emmanuel Macron voltou suas críticas ao Islã e à comunidade islâmica na Europa, ao acusar os muçulmanos de “separatismo”. Macron descreveu o Islã como “religião em crise em todo o mundo”.
As declarações de Macron coincidiram com uma medida considerada provocação pela revista satírica de esquerda Charlie Hebdo, que decidiu republicar caricaturas do Profeta Muhammad, que despertaram indignação generalizada entre o mundo islâmico.
As caricaturas foram publicadas pela primeira vez em 2006, pelo jornal dinamarquês Jylland Posten, gerando uma onda de protestos.
Em 2015, a sede da revista Charlie Hebdo foi alvo de um atentado conduzido por atiradores que se identificaram como filiados à al-Qaeda. O ataque resultou na morte de doze pessoas, incluindo cinco cartunistas.