A Albânia deverá repatriar quatro crianças e uma mulher do campo de refugiados de Al-Hawl, na Síria, onde ex-combatentes do Estado Islâmico (Daesh) e suas famílias são mantidos em custódia, reportou a rede AFP.
As crianças e a mulher são parentes de cidadãos albaneses que recrutaram-se a organizações radicais islâmicas para combater na Síria.
O grupo de cidadãos albaneses viajou a Damasco, capital da Síria, e então ao Líbano, onde embarcou em um voo à Albânia, detalhou um porta-voz do Crescente Vermelho da Síria.
A operação para repatriar o grupo foi planejada sob pedido do governo albanês. O Primeiro-Ministro da Albânia Edi Rama encontrou-se com os cidadãos repatriados para jantar em Beirute, na noite de ontem (26).
O grupo deverá chegar a Tirana, capital albanesa, ainda hoje.
O processo de repatriação, segundo postagem no Facebook de Rama, foi complexo e demorou mais de um ano, envolvendo negociações entre organizações humanitárias e religiosas, oficiais militares e o cônsul honorário da Albânia em Beirute, Mark Ghraib.
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Rama espera repatriar outros albaneses presos na Síria em circunstâncias similares, segundo a rede Associated Press (AP).
Mais de cem cidadãos albaneses filiaram-se ao Daesh e outros grupos islâmicos para combater na Síria e no Iraque, entre 2012 e 2014. Diversos albaneses foram mortos nos confrontos, deixando para trás esposas e filhos nos campos do nordeste da Síria.
O número exato de albaneses ainda na Síria é incerto, mas parentes em casa alegam haver ao menos 52 crianças perecendo nos campos de refugiados.
Rama, segundo a AP, também planeja repatriar cidadãos albaneses que lutaram em nome do Daesh e outros grupos islâmicos, mas alegou que a prioridade é o retorno das mulheres e crianças. Então, membros repatriados do Daesh deverão enfrentar julgamento na Albânia.
Milhares de combatentes do Daesh, suas esposas e seus filhos permanecem presos nos campos administrados por grupos curdos, no norte da Síria.
Apenas Al-Hawl abriga mais de 65.000 pessoas, incluindo aproximadamente 28.000 sírios, 30.000 iraquianos e mais de 10.000 estrangeiros, segundo estimativas da ONU.
Quase 4.000 residentes do campo são crianças, de mais de 60 países; ao menos 120 menores estão desacompanhados, reporta o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Em outubro, autoridades curdas anunciaram que os cidadãos sírios serão transferidos para fora do campo, mas que combatentes estrangeiros deverão permanecer no local.
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