Um comitê do Knesset reivindicou a proibição do filme “Jenin, Jenin”, que documenta o cerco israelense sobre a cidade palestina de Jenin, na Cisjordânia ocupada, em 2002, e os crimes cometidos contra seus habitantes, reportou ontem (27) a rede Quds Press.
O Comitê de Segurança e Política Internacional do parlamento israelense submeteu uma proposta de resolução ao Procurador-Geral de Israel Avichai Mandelblit, reivindicando a censura do filme.
O documentário foi produzido pelo cineasta palestino-israelense Mohammad Bakeri e registra os crimes israelenses durante a invasão da cidade palestina, via relatos de testemunhas em primeira pessoa.
A comissão do Knesset alegou que o filme distorce a imagem dos soldados israelenses e exigiu que não seja divulgado ou exibido.
O documentário despertou uma série de impasses jurídicos desde seu lançamento, há 18 anos.
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Em 2003, o conselho de classificação de peças audiovisuais de Israel alegou que o filme tratava-se de “representação distorcida dos eventos, disfarçada de verdade democrática, a fim de ludibriar o público”.
O conselho audiovisual israelense julgou a peça como “propaganda parcial” e declarou que o público seria levado a crer equivocadamente que soldados israelenses cometeram crimes de guerra na ocasião.
O diretor contestou a classificação, ao afirmar: “É uma verdadeira vergonha, pois demonstra que a democracia em Israel não é reservada a todos os seus cidadãos … Trata-se de claro artifício político. O Likud não quer que as pessoas vejam o filme”.
A Suprema Corte de Israel argumentou, porém, que a decisão do conselho de classificação audiovisual israelense refletiu um “ataque exagerado à liberdade de expressão” e ordenou a suspensão da censura.
Segundo a rede Quds Press, durante a incursão israelense a Jenin, soldados israelenses executaram 58 palestinos, feriram centenas, e investiram com tratores contra 1.200 casas, das quais 450 foram totalmente demolidas.
A ocupação israelense também prendeu centenas de palestinos, além de muitos residentes reportados desaparecidos. Na ocasião do cerco, o exército israelense anunciou baixa de 23 soldados devido a confrontos.
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