Um vídeo do casamento de dois estudantes de escola primária, de 12 anos de idade, viralizou nas redes sociais. O incidente ocorreu em Ain Shams, Egito.
Conforme informações da imprensa local, após o vídeo da cerimônia circular online, forças de segurança prenderam os pais das crianças.
O Egito é o 13° país em número de noivas infantis, em todo mundo. Segundo a rede Girls Not Brides, o casamento infantil é incitado, em grande parte, pela desigualdade de gênero. Em 2017, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou que 17% das meninas egípcias casam-se antes de completar a maioridade.
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Apesar do Egito ter ratificado a Convenção para os Direitos da Criança, que determina 18 anos como idade legal para casamento, e a Convenção para Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, que determina o casamento somente sob consentimento pleno e livre, o alto índice de casamentos infantis prevalece no país.
Grupos de direitos humanos advertem que o Egito precisa ser mais rigoroso ao criminalizar o casamento infantil. Com frequência, os pais dos noivos não são sequer indiciados, o que efetivamente influencia a prática.
Relatos indicam ainda que homens do Golfo viajam ao Egito para obter esposas menores de idade, ao pagar grandes quantias às suas famílias. A estadia às vezes dura somente um dia, naquilo que tornou-se conhecido como “casamentos de verão”.
Em 2013, a Unidade de Combate ao Tráfico Infantil do Egito reportou que diversas mulheres casaram-se até 60 vezes antes de completarem a maioridade.
Clérigos conservadores alegam que menores devem casar-se para evitar a promiscuidade sexual e o estigma que supostamente incide sobre mulheres que casam-se tarde.
O fenômeno é mais comum em famílias de baixa renda e baixo índice escolar.
Em 2018, uma esposa egípcia de 17 anos fugiu de seu noivo saudita de 37 anos, logo no primeiro dia de casamento. No mesmo ano, um vídeo de uma menina de 15 anos e outra de 14 anos despertou indignação.
A mãe de uma das meninas defendeu a cerimônia: “É algo normal em nossa cidade que as crianças da idade de Fares e até mais jovens fiquem noivas”.
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