Nesta segunda-feira (2), autoridades israelenses aprovaram os planos para construir um novo assentamento ilegal em Jerusalém ocupada, reportou a agência de notícias Wafa. O projeto envolverá a demolição de empreendimentos palestinos no bairro de Wadi Al-Joz.
Israel alega que o novo desenvolvimento será construído em seu próprio “Vale do Silício”, em referência ao polo tecnológico nos Estados Unidos. Contudo, residentes palestinos locais denunciam que o assentamento será de fato construído sobre as ruínas de mais 200 lojas e propriedades palestinas.
A maioria das propriedades previstas para demolição foram instaladas no local mesmo antes de 1967, quando forças israelenses ocuparam Jerusalém Oriental. Ao menos 500 acres de terras palestinas serão confiscados.
O projeto de US$600 milhões determina 250.000 m² a “negócios imobiliários para empresas de alta tecnologia”, além de 100.000 m² divididos entre shoppings e hotéis.
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O esquema é parte do megaprojeto “Centro da Cidade de Jerusalém Oriental”, aprovado pelo comitê de zoneamento e planejamento da ocupação israelense. Novas estradas e um trajeto de veículo leve sobre trilhos compõem ainda o projeto, além de um parque colonial perto do Vale do Kedron, no sul de Jerusalém.
Autoridades de Israel entregaram avisos de despejo a dezenas de lojas e propriedades palestinas, com prazo até 30 de dezembro para deixarem o local antes que as demolições sejam executadas.
Os palestinos alertam que o esquema isolará ainda mais os bairros em Jerusalém, a fim de alterar a paisagem da cidade, expulsar comunidades nativas e apagar o caráter histórico árabe de seus mercados e distritos comerciais.
Israel alega que o projeto também servirá aos palestinos. A Autoridade Palestina, porém, reiterou seu repúdio, ao destacar que os novos avanços são parte dos planos de Israel para “judaizar” Jerusalém e abrir caminho para a expropriação de terras e negócios palestinos por colonos ilegais.
“O saque concentrado e sistemático de Israel sobre Jerusalém ocupada persiste inabalado, em violação da lei internacional e das posições proclamadas por estados em todo o mundo”, declarou Hanan Ashrawi, membro da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). “Trata-se de um plano absurdo e criminoso que verá a devastação de 200 negócios palestinos na área e privará centenas de palestinos de seus meios de subsistência.”
A aplicação do plano foi aprovada ao passo que Israel ainda prepara-se para anexar grandes porções da Cisjordânia ocupada, conforme o chamado “acordo do século” de Donald Trump. O plano americano considera Jerusalém como capital israelense e efetivamente apoia a ocupação, o colonialismo e o apartheid do estado sionista contra o povo nativo da Palestina.
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