Novamente, e tão misteriosamente quanto o “atentado” em Paris que implicou na morte de um professor, parece haver um claro script de montagem de ações de FALSA BANDEIRA, rigorosamente promovidas por serviços de inteligência de potências coloniais e imperiais, aliadas de outras menos significantes, mas tão interessadas nos resultados quanto as grandes. Pode haver implicações dos serviços de inteligência dos países em que os ataques se deram ou não. Não podemos descartar a hipótese de a Áustria ser vítima, ao ser tomado o seu território para pirotecnia de falsa bandeira que tem objetivos muito grandes, talvez a de desestabilizar parte da Europa.
Vamos a algumas inconsistências de mais este “atentado”:
- Primeiro de tudo, como sempre acontece, o “autor” é abatido. Assim, não há como se dizer mais nada a seu respeito, nem ouvir sua versão etc. Mata-se um qualquer, este é apresentado como o autor, lhe é dada uma “biografia” e ponto final. Em muitos outros casos foi assim. No atentado que vitimou fatalmente o professor em Paris, por exemplo, foi exatamente assim.
- Assim, ele, morto, é apresentado como “simpatizante do Estado ‘Islâmico’”. Ele poderá dizer que não? Bem, agora está calado para sempre!
- Como sempre, é um jovem (22 anos). Afinal, são os jovens que têm que ser discriminados e eliminados das sociedades européias. São eles que casarão, terão filhos, pedirão trabalho, escola, saúde, igualdade, direitos civis e humanitários, e que seguirão buscando manter suas tradições, cultura, espiritualidade. Os mais velhos já não têm um projeto ou direitos que buscar, bem como não terão mais filhos, não quererão novos empregos, já se acostumaram à ausência de direitos com que construíram suas vidas e até aceitam seguir vivendo cada vez mais em geografias que mais parecem guetos e/ou campos de concentração urbanos, talvez algo parecido com as reservas em que foram confinados os povos originários nos EUA.
- Curiosamente, o rapaz ao qual se atribui o ato teria pretendido viajar à Síria, alegadamente para se juntar a “terroristas”. Faltou informar quais são, já que todos os terroristas que atuam na Síria são patrocinados pela OTAN, direta ou indiretamente. Parte deles têm apoio direto dos EUA e da França, Inglaterra, Alemanha e alguns outros países europeus integrantes da OTAN, e ainda de um não europeu, a Turquia, e os mesmos grupos, somados a outros, têm apoio de aliados da OTAN, tais quais Israel e países “árabes” do chamado Golfo – Pérsico para alguns, Árabe para outros ou, ainda, Pérsico-Arábico para os mais sensatos que buscam sair dessas armadilhas semânticas que nada agregam.
- Não foi à Síria porque acabou sendo detido e condenado por este “crime”, permanecendo 22 meses na prisão.
- Mas eis que em 5 de dezembro ele é posto em liberdade condicional.
- A graça das graças: ele teria que tomar parte de um suposto programa de reabilitação, no qual demonstraria ter abandonado as idéias “radicais”.
- O circo segue com a alegação de que o rapaz de 22 anos conseguiu ENGANAR o programa de desradicalização. Ele teria feito de conta que se regenerou e ficou por isso mesmo.
- Seguindo a vida, o rapaz, talvez um dos mais (logicamente se houvesse alguma verdade nesta rocambolesca narrativa) vigiados de toda a Áustria, conseguiu VIAJAR para outro país, a Eslováquia, onde teria conseguido comprar munições e um fuzil AK-47.
- Mas o circo não cessa: ele teria conseguido regressar à Áustria com este armamento pesado, armamento bélico, e com as munições.
- Ou seja: um dos homens mais vigiados da Europa faz de bobos profissionais experientes e seus equipamentos de detecção de mentiras etc, enganando-os quanto à sua reabilitação; sai do país mesmo estando sob condicional e seu crime ser associação ao terrorismo (não poderia ter aí conseguido empreender seu plano inicial, qual seja, ir à Síria, crime tão grave que só por tentar lhe valeu prisão?); compra armamento e munição de guerra e volta à Áustria numa boa.
- Não bastasse, ele posta foto em que aparece portando o fuzil e um facão e, claro, novamente um dos serviços de inteligência de maior profissionalismo da Europa, que certamente estaria vigiando todas as suas comunicações e seus perfis de mídias sociais, ainda que falsos (afinal, a vigilância se dá por instrumentos que impedem quase 100% dos perfis inventados de terem algum sucesso), não detecta um verdadeiro outdoor virtual anunciando um “terrorista” e sua possível entrada em ação.
- E para coroar a narrativa, eis que o tal “Estado ‘Islâmico’” assume, com atraso de pelo menos 48 horas, a autoria do “atentado”, levando a crer que ou a Áustria não estava implicada e não sabia que seu território seria emprestado para tanto ou, talvez, tenha havido algum desacordo, alguma falta de coordenação entre os interessados neste caos e nestas operações de falsa bandeira.
LEIA: Albânia repatria cinco cidadãos do campo de Al-Hawl, na Síria
Diante disso tudo, deste manancial de inconsistências que não passariam despercebidas nem num jardim de infância, não há como levar a sério mais esta operação, que dá seqüência às anteriores, todas com as mesmas inconsistências.
Qualquer pessoa com medianas faculdades mentais suspeitaria, quanto pouco, de que o jovem em questão só foi preso para ser preparado por meio de lavagem cerebral, depois solto para alguma operação que lhe fora incutida, bastando ser acionado em algum momento.
E, ainda, o “teste” a que foi submetido, que não enganaria nem carcereiros de terceiro mundo, serviria não para detectar sua desradicalização, mas, sim, para aferir se ele estava verdadeiramente condicionado pela lavagem cerebral, razão pela qual permaneceu solto.
Ora, se até os paralelepípedos sabem que um teste destes não deixaria de conhecer que o paciente nada mudou, só podemos concluir que ele visava exatamente ter certeza que ele não mudou e, mais ainda, que estava condicionado para a operação que viesse a lhe caber.
Um conjunto de disputas geopolíticas, que envolvem os países centrais da Europa, a França dentre eles; a Turquia como membro da OTAN que quer voltar a ser o que era antes da 1ª Guerra Mundial, no todo ou em parte; os EUA, que querem tudo de todos e que, para tanto, torcem e trabalham para que o caos reine mesmo entre os aliados; e Israel, que precisa de caos na Europa para seguir recebendo estrangeiros euro-judeus que ajudarão a despovoar a Palestina e habitar em seus lugares, bem como de cortinas de fumaça renovadas com vistas a esconder seus crimes de mais anexações, mais limpeza étnica, mais violência e apartheid.
Sem contar que outros atores ganham também, seja fazendo do limão uma limonada, como a Rússia, que tem como adversários táticos e/ou estratégicos tanto a Turquia quanto boa parte da Europa ainda autoproclamada “ocidental”, seja aproveitando do caos e de todas as cortinas de fumaça possíveis e promovidas por outros para seguir avançando, como a China, país que agradece quando se vêm enfraquecidos países que insistem em impedir seu papel natural de potência econômica, política, diplomática e, claro, bélica.
LEIA: Milhares de refugiados poderão ser expulsos de campo na Síria, alerta oficial curdo
E a islamofobia segue sendo o principal instrumento para as guerras permanentes, para o saqueio permanente no Oriente Médio e na África e, claro, para a manutenção de um padrão de discurso e de práticas racistas, que amanhã ou depois trocarão de vítimas, já que por meio da difamação da fé muçulmana e de seus seguidores teremos o retorno da admissibilidade dos supremacismos coloniais antes rejeitados. Ou seja: as pessoas comuns serão novamente inculcadas do racismo por meio das distorções em torno do Islamismo e de seus fiéis.
Melhor dizendo, a islamofobia é a porta de entrada e de resgate de todas as formas de racismo, razão pela qual ela é o experimento inicial, após o qual todos os povos serão submetidos, em maior ou menor grau, tanto enquanto imposições de nações a outras nações, quanto de elites aos seus próprios povos, em regra promovido pelo discurso de ódio e de intolerância, agora vigente, mais do que nunca, no Brasil, para ficarmos num exemplo não sofismável e evidente a todos.
E para finalizar, nada melhor do que um atentado “islâmico” em Viena, onde o império otomano, hoje Turquia, foi parado, no ano de 1683, conforme a narrativa mais heróica e confortável para o “ocidente”, em seu avanço “sobre a Europa”. Para efeitos de arvorar-se a chefe de um novo califado a governar todos os muçulmanos do mundo, pretensão fora de sentido, mas cada vez mais nítida no líder turco Recep Tayyip Erdogan, também nada melhor do que este evento a opor artificialmente os muçulmanos e não muçulmanos, ou o “califa” Erdogan, pelos “fiéis”, e a Europa “infiel”.
Publicado originalmente em jornalggn
As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.