O Exército de Israel decidiu reconhecer sua ocupação de 18 anos no sul do Líbano como campanha militar oficial, reportou o jornal Times of Israel.
A ocupação, agora intitulada “Zona de Segurança na Campanha do Líbano”, terá o mesmo prestígio que outras guerras e campanhas militares de longa data travadas por Israel.
A decisão foi tomada por Aviv Kohavi, chefe do estado-maior das forças israelenses, com base em recomendação de um comitê liderado pelo tenente-general Shaul Mofaz, que comandou o exército durante certo período da ocupação.
A proposta foi apresentada ao Ministro da Defesa Benny Gantz para ser aprovada. O premiê alternativo e ex-general já indicou seu apoio à decisão de Kohavi e elogiou o comandante militar por aceitar a recomendação do comitê.
Segundo o Times of Israel, declarou Gantz: “Não há dúvida de que o serviço operacional no Líbano merece reconhecimento histórico”.
A decisão depende então de aprovação final do Comitê Ministerial para Cerimônias e Símbolos, órgão do governo israelense para protocolos cerimoniais, para que a ocupação seja oficialmente reconhecida como campanha.
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Caso aprovada a medida, a ocupação no sul do Líbano será a nona campanha militar reconhecida por Israel.
Outros eventos reconhecidos como tal são: a chamada Guerra Árabe-Israelense (Nakba ou Catástrofe, 1948), a crise do Canal de Suez (1956), a Guerra dos Seis Dias (1967), a Guerra de Desgaste (1967-70), a Guerra do Ramadã (1973), a Guerra do Líbano (1982), a Guerra Israel-Hezbollah (2006) e a Guerra Israel-Gaza (2014).
A ocupação israelense no sul do Líbano teve início em 1985, quando forças do autodenominado estado judaico recuaram das cidades de Sidon e Tiro, invadidas em 1982.
Em maio de 1985, forças de Israel retiraram-se da maior parte da região sul do Líbano, mas mantiveram controle sobre uma “zona de segurança” ao norte da fronteira, em terras libanesas.
Em 1989, facções beligerantes no Líbano assinaram o Acordo de Taif, encerrando a guerra civil no país árabe, sob condição de retirada completa de tropas sírias e israelenses do território.
Entretanto, Israel ainda detém controle sobre a “zona de segurança”. Tropas sírias também permaneceram no leste do país.
Eventualmente, em maio de 2000, o recém-eleito Primeiro-Ministro de Israel Ehud Barak anunciou a retirada unilateral das tropas do território ocupado no Líbano.
A integralidade desta operação, porém, é contestada pelo governo libanês e pelo movimento Hezbollah. Ambos denunciam que o Exército de Israel mantém ainda ocupação sobre parte do território, conhecido como Fazendas de Shebaa.
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