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Descubra o Minarete Maluia de Samarra, no Iraque

A Grande Mesquita de Samarra, com seu icônico Minarete Maluia – árabe para “torcido”, em referência à arquitetura espiral – foi construída em 848-852

Não é surpresa que o Iraque hoje, apesar de toda a destruição e conflitos infligidos sobre o país ao longo de séculos, ainda transborda de maravilhas e tesouros arqueológicos, verdadeiros patrimônios da humanidade.

A região historicamente conhecida como Mesopotâmia é considerada berço da civilização, onde floresceram diversos impérios e sociedades complexas, desde meados de 6.000 a.C. – sumérios, assírios, babilônicos e os grandes impérios e califados islâmicos.

A Grande Mesquita de Samarra, Iraque [foto de arquivo]

A Grande Mesquita de Samarra, Iraque [foto de arquivo]

Um destes tesouros é a antiga capital de Samarra, fundada pelo califa abássida Al-Mutasim, no século IX.

Samarra foi a segunda capital do Califado Abássida, após Bagdá, centro de poder que reverberava a províncias de todo o império, da Tunísia à Ásia Central. De fato, trata-se da única capital islâmica a sobreviver ao tempo, preservadas sua planta original e arquitetura.

O nome Samarra deriva da frase em árabe “Surra man ra’a”, traduzida como “Alegria a todos que a veem”.

Lar da Grande Mesquita de Samarra, com seu icônico Minarete Maluia – árabe para “torcido”, em referência à arquitetura espiral –, o Sítio Arqueológico de Samarra é listado como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), desde 2007.

A Grande Mesquita, construída em 848-852, durante o reinado do califa abássida Al-Mutawakil, foi a maior mesquita do mundo por mais de 400 anos, antes de ser destruída por invasão do imperador mongol Hulagu Khan ao Iraque, em 1278. Hoje, apenas o muro externo da mesquita e o minarete em espiral resistem.

O minarete em espiral nas ruínas da antiga cidade de Samarra, em 19 de abril de 2003 [Philippe Desmazes/AFP/Getty Images]

O minarete em espiral nas ruínas da antiga cidade de Samarra, em 19 de abril de 2003 [Philippe Desmazes/AFP/Getty Images]

Originalmente conectado à mesquita por uma ponte, o minarete é caracterizado por sua arquitetura única em espiral ascendente, com rotação em sentido anti-horário. Uma escadaria em espiral leva ao topo do minarete, onde o muezim recita o chamado à oração islâmica.

O Minarete Maluia representa assim uma das mais proeminentes estruturas arquitetônicas na cidade histórica, com 52 metros de altura e 33 metros de diâmetro em sua base. Acredita-se que seu formato pretendia demonstrar uma forte presença do Islã no Vale do Rio Tigre, visível de áreas distantes ao redor de Samarra.

O monumento, orgulhosamente retratado nas notas de dinheiro iraquiano hoje, atraiu visitantes de todo o mundo, que subiam as escadas da torre para desfrutar da vista panorâmica de Samarra e admirar sua arquitetura extraordinária, que sobrevive há mais de mil anos.

Notas de dinar iraquiano, com imagens de Samarra, 2018 [foto de arquivo]

Notas de dinar iraquiano, com imagens de Samarra, 2018 [foto de arquivo]

Após a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, em 2003, soldados americanos utilizaram o minarete como torre de vigilância e o local tornou-se palco de confrontos e operações militares. O topo do minarete foi bombardeado por insurgentes em 2005 e parcialmente destruído.

Após a retirada das forças americano no país, o local histórico foi submetido a ainda mais conflitos armados e violência sectária, agravados pelo controle de militantes do Daesh (Estado Islâmico) sobre grande parte da província de Saladino, que inclui Samarra.

Aos olhos de muitos residentes locais, Samarra já não reflete à “alegria” de sua origem etimológica, mas sim “Sa’a man ra’a” (“Tristeza a todos que a veem”), frase frequentemente utilizada entre os próprios iraquianos.

Apesar da devastação que recaiu ao Iraque ao longo de séculos e dos distúrbios que prevalecem sobre o país ainda hoje, o Minarete Maluia da Grande Mesquita de Samarra reuniu 80.000 fiéis para oração, em ocasião recente. Sua forma imponente  e inovadora, muito à frente de seu tempo, desafia a própria história de confrontos na região, como testamento do extraordinário patrimônio arquitetônico do Iraque.

Soldado de infantaria dos Estados Unidos mantém vigilância do alto dos muros de Samarra, em 11 fevereiro de 2008. Ao fundo, o célebre minarete em espiral da Grande Mesquita [Dave Clark/AFP/Getty Images]

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